Foto: Francisco Cepeda
Jonathan Davis em ação durante o show em São Paulo |
Parece até que foi ontem, mas o Korn já é uma banda veterana. São os últimos bastiões do nu metal, um subgênero que viveu dias de glória no fim dos anos 1990, gerando assombrosas vendagens de discos. O tempo foi cruel com o estilo e seus outros famosos representantes foram abandonados à irrelevância.
Com um disco novo embaixo do braço, o grupo desembarcou no Brasil com farto espaço nas editorias de entretenimento. E a razão não era 'The Serenity of Suffering', seu décimo-segundo álbum em 24 anos de carreira, mas um fato bastante inusitado: a presença de um moleque de 12 anos integrando sua tão conhecida e sólida formação. Aumentou ainda mais o frisson pelo fato do menino, Tye, ser filho de Rob Trujillo, baixista do Metallica e ex-Ozzy Osbourne e Suicidal Tendencies. A salada estava posta.
Crianças não combinam com bandas de rock. Ponto. Pior ainsa se a banda em questão segue uma vertente mais pesada, cantando sobre temas sombrios que muitas vezes envolvem maldades perpetradas contra crianças – não se trata de apologia, pelo contrário, mas esse fato sozinho já aumenta a estranheza.
Os fãs não deixaram de prestigiar o grupo por conta da ausência temporária de Reginald Arvizu. Três mil deles, ou mais, ocuparam a maior parte desse lugar estranho chamado Espaço das Américas, com seu salão amplo e teto direito baixo que parece perfeito para festas de formatura.
Muitos aficionados pela banda seguem a moda ditada por eles, de tranças e dreadlocks nos cabelos, além dos indefectíveis agasalhos esportivos sempre bem largos. Não é exatamente o público de outros shows de rock pesado e surpreende que o nu metal, à essa altura, ainda tenha seus próprios e fieis adeptos.
Foto: Francisco Cepeda
Tye Trujillo de apenas 12 anos de idade roubou a cena no palco |
O repertório da noite teve canções pinçadas de pelo menos dez discos, sem grande favorecimento a uma fase sobre outra. A irresistível “Word Up”, que em estúdio exibe uma faceta mais pop do Korn, foi interpretada ao vivo de forma fria e desleixada, sequer tocada até o final. Sem dúvida, o ponto baixo da apresentação.
Tye Trujillo, por sua vez, pulverizava as suspeitas sobre a pouca idade e, surpreendentemente, misturava-se com naturalidade aos adultos. Com postura, boa técnica e metido numa camiseta da banda sueca Meshuggah, subia e descia da plataforma, às vezes entusiasmado em poder chacoalhar a cabeleira ao lado do guitarrista Brian “Head” Welch.
Foto: Francisco Cepeda
Brian "Head" Welch e o precoce Tye Trujillo no fundo |
A apresentação teve ainda solo de bateria, Jonathan Davis causando com sua gaita de foles, um dueto de baixo e bateria para prestigiar o baixista mirim, muito aplaudido, e a poderosíssima “Make Me Bad”. “A.D.I.D.A.S”, dessa vez, ficou de fora.
O bis, previsível, trouxe os dois maiores êxitos comerciais do Korn. “Falling Away From Me”, com sua introdução misteriosa e atmosférica, é das melhores coisas que o grupo já produziu e gerou uma tremenda ovação assim que a banda retornou ao palco.
“Freak on a Leash”, por fim, fez todo mundo voltar a 1998, momento em que o Korn foi dos grupos mais populares do planeta, liderando a parada da Billboard e indicado a nove prêmios no Video Music Awards, da MTV. Funciona bem ainda hoje e também como uma pequena cápsula do tempo, que ajuda a explicar sobre os estertores da última boa década da música pop.
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