terça-feira, 15 de agosto de 2017

Devotos e Ratos de Porão comprovam influência punk-hardcore no palco do Circo Voador

Ratos de Porão retornando ao palco do Circo Voador / Foto: Edu Navega
Por Rom Jom

E depois de 20 anos a banda lá do Alto do Zé do Pinho de Recife finalmente debuta na Lona do Circo Voador. Sim, Devotos (ex do Ódio) faria um show de abertura para o Ratos de Porão em uma noite arretada e agitada.

Cannibal, vocalista, líder e baixista da banda não escondia sua felicidade em nenhum momento desde a sua entrada no palco, e não só ele como seus parceiros Celo Brown, bateria, e Neilton na guitarra que concentraram todo o repertório no CD de estreia da banda que completou 20 anos este ano “Agora tá Valendo”- tocado na íntegra. E foi resumidamente um show digno de punk rock hardcore de raiz, se é que podemos assim dizer. A casa ainda ia enchendo quando os pernambucanos começaram a despejar no público, animado, diga-se de passagem, as 18 faixas eternizadas no álbum, começando ferozmente com “Formando Opiniões” e “Dia Morto” que já foram bem recebidas pelo público e a roda que se formava desde então. Aquela bateria de início de “Punk Rock Hard Core do Alto José do Pinho” incendiou a casa ainda nos primeiros segundos de execução, e essa música, fez muitos começarem a ouvir o Devotos do Ódio naquela época – como é o meu caso. A banda não deu arrego entre as canções. “Vida de Ferreiro” conseguiu ser mais rápida que a gravação! “Casa de amor e ódio” com sua letra simples e pegada forte “Eu tenho pressa” é um grito de angústia punk – com excelentes guitarras. E ainda no final ainda tivemos “Futuro Inseguro” e uma versão ultrarrápida de “Punk Rock Hard Core do Alto José do Pinho” que encerrou o show. Porém para a alegria da casa a banda volta para o Bis com “Roda Punk”, bom, não precisa dizer que o show foi encerrado da melhor maneira, não? Além de ter sido mais do que um debut e show de abertura: foi o show. Que não demore mais tempo, como 20 anos, para voltar.
Cannibal, vocalista do Devotos comandou rodas punk no show  / Foto: Edu Navega
O Ratos de Porão é figura marcada da casa. Em todos os seus aniversários temos (sempre) o prazer de receber esta banda ícone do cenário nacional. Definir o som dos “tiozinhos” que tocam na “velocidade da luz”, como o próprio João Gordo disse, tomaria muito tempo, até porque ao longo de sua carreira, que ultrapassa 30 anos, a banda já namorou com o thrash metal, punk, hardcore... A mistura de tudo isso somado com agressividade (de sempre) e o “sujo” é mais óbvio e fácil para definir. Em um ano que dois CDs fazem aniversário “Cada dia mais sujo e agressivo”, completando 30 anos e o “RDP ao vivo” com 25. Este segundo é uma referência nacional no estilo até hoje. E um dos mais influentes também.

O show é uma espécie de receita de bolo que vai ficando cada dia melhor – e mais duro. E mais sujo. O som é tão pesado, rápido e agressivo que até os fãs mais íntimos se surpreendem. O batera Boka coloca uma velocidade absurda na bateria fazendo com que seus parceiros de banda o acompanhe com a mesma entrega – “Plano Furado”, “Crise Geral” e as caóticas “Exercito de Zumbis” e “Máquina Militar” são exemplos disso – quem estava presente ou se protegeu do pogo eu estava nele; tomava todo o recinto. Jão está longe de fazer feio e faz de sua palhetadas um som brutal de se escutar com seu parceiro Juninho e seu baixo Rickenbacker que faz o chão tremer – a execução de “Banha” do “Carniceira Tropical – 1997” deixou isso bem claro. João Gordo por sua vez descarrega todo seu vocal gutural nas músicas, e ensaios de discursos políticos.

Com toda essa agressividade tivemos explosões sonoras como “Crianças sem Futuro”, execução da guitarra ímpar e “Beber até Morrer” e algumas que fizeram da casa um verdadeiro caos que foi o caso de “Cruficados pelo Sistema” que encerrou a primeira parte do show que ainda teria o bis destruidor com “Aids, Pop, Repressão” e “Igreja Universal”.

Nunca será demais ver o Ratos de Porão em ação. E sim, os tiozinhos sempre surpreendem. Acredite.
João Gordo usa a camisa da banda californiana de grindcore, Phobia / Foto: Edu Navega

2 comentários:

  1. Duas bandas FODA!

    Trabalhar assim é sempre bom, né Rom Jom?

    Abraço!

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  2. Unico ponto e que achei o Gordo muito parado com cara de cansado! fora isto, foi incrivel! duas bandas sensacionais, abs!

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