O Vocalista Brandon Boyd falou com exclusividade sobre a volta do Incubus |
Por Bruno Eduardo
No final dos anos noventa, um movimento de bandas americanas tomou de assalto o rock. O chamado Nu-Metal torceu o bico dos tradicionalistas, mas revelou algumas bandas de qualidade musical inquestionável. Uma delas é o Incubus, que foi erroneamente enquadrada no gênero. Enquanto seus colegas de tribo distribuíam “fucks” e distorção baixa a esmo, o grupo liderado por Brandon Boyd (um vocalista subestimadíssimo) corria por trincheiras experimentais, e flertava com uma musicalidade exótica. Após o lançamento de “Make Yourself”, o Incubus conheceu a fama e chegou ao ápice da carreira no disco seguinte - o multiplatinado “Morning View”. Com uma discografia variadíssima (com tendências progressivistas), a banda veio ao Brasil pela terceira vez, no Summer Break Festival 2013 - e eu aproveitei para papear com o vocalista da banda, Brandon Boyd. [Entrevista publicada originalmente no Portal Rock Press]
Desde a primeira passagem do Incubus pelo Brasil, em 2007, a banda lançou apenas um disco. Porque vocês demoraram tanto tempo (cinco anos) para lançar algo novo?
Após dois anos na estrada, divulgando “Light Grenades” (lançado em 2006), decidimos entrar em um hiato para rever nossas vidas. Eu e Mike [Einziger, guitarrista] voltamos a estudar, e tratamos de resolver algumas pendências clínicas também. Passei por uma cirurgia, e, além disso, tive a minha primeira exposição individual (Brandon é pintor). Já Ben Kenney [baixista] entrou no estúdio para lançar seu álbum solo. Os cinco anos que passamos sem criar nada como “Incubus” foi ideal para transformar nossa arte. Envelhecemos. Hoje, posso dizer que foi uma boa decisão.
Podemos dizer então, que isso influenciou diretamente no álbum seguinte? Já que “If Not Now, When?” é tão diferente do que vocês tinham feito anteriormente.
Sim. Foi algo natural. Acredito que mais do que qualquer outro álbum que já gravamos, "If Not Now, When?" soou estranho para nós, na época. Estávamos acostumados com algo mais direto, dinâmico, e decidimos fazer canções mais longas, de forma mais expansiva. Mesmo assim, é um álbum que tenho muito orgulho de ter feito. Consideramos ele muito importante para nós, como artistas, no sentido criativo. Pois mesmo sendo mais sútil, musicalmente, é um álbum muito corajoso. Acredito ser um disco essencial para nossa carreira, exatamente por não ter qualquer relação com o que já tínhamos feito no passado. Foi um desafio, e nós gostamos disso. O músico tem por obrigação desafiar, e fazer apostas, levando em consideração o seu intelectual. “If Not Now, When?” é para mim, o nosso grande álbum.
O Incubus está há mais de duas décadas na estrada. O que mudou daquela época pré-fama para os dias de hoje, já resguardados pelo grande mainstream?
Quando lançamos nosso primeiro disco, Fungus Amongus (1995), éramos adolescentes. Não tínhamos muita experiência, e nossa compreensão do mundo era outra. Como banda, fomos aprendendo a escrever músicas, e ser um grupo de verdade. Nos discos "Fungus Amongus" e "S.C.I.E.N.C.E" (1997) estávamos ainda procurando nossa identidade. Não só o Incubus, mas a maioria das bandas surgidas no início dos anos noventa, estavam vivendo uma época de rebeldia. Foi um período muito marcante para a cena do rock.
Essa rebeldia pôde ainda ser encontrada em “Megalomaniac”, não? Afinal, foi uma música que teve como foco o governo Bush.
Originalmente, não fizemos a música para George Bush. Eu tinha outras figuras públicas em mente quando escrevi a letra dessa música. Mas como os Estados Unidos estavam vivendo um momento de crise na época que gravamos o clipe, pareceu evidente que a letra era dirigida ao Bush. Não foi uma música escrita para ele, mas concordamos com a direção tomada. A letra era adaptável à circunstância, e achamos legal o fato de ter tomado esse caminho, pois prova que a música é atemporal, e pode ocupar diferentes movimentos em relação ao momento e interpretação da sociedade. Essa é a melhor parte da arte. A forma que se move e se adapta ao tempo.
O álbum Morning View é considerado pela maioria dos fãs, como o disco predileto da carreira do Incubus. Ele completou recentemente, uma década de lançamento. Vocês fizeram vários registros de ensaios e da gravação do mesmo. Quais são as melhores lembranças desse momento?
O período de gravação foi interessante por muitos motivos. As canções do disco retratam um momento muito importante para o Incubus. Tínhamos acabado de terminar a turnê de “Make Yourself” (lançado em 1999), e pela primeira vez iríamos compor um disco após termos colhido frutos de verdade. Make Yourself foi muito bem sucedido, e por isso mesmo, a gravação de Morning View marca um período muito especial para nós, profissionalmente falando. Decidimos nos mudar para a casa, e lá montamos nosso estúdio. Vivemos intensamente aqueles dias, e isso talvez seja uma das razões de "Morning View" ter saído de um jeito real.
Brandon... Conte-nos a respeito da Make Yourself Foundation. Como está esse projeto. Ainda rolam os meet-and-greets?
Estamos muito animados com a fundação. Quando estamos em turnê, o nosso Make Yourself Foundation funciona normalmente. Sim, fazemos os meet-and-greets. Eles podem ser adquiridos pelo E-bay, e tocamos para no máximo 50 pessoas antes das apresentações. Essa é a nossa única forma de levantarmos mais dinheiro para ajudar a fundação. Ajudamos principalmente organizações ambientais, mas fazemos isso com um monte organizações humanitárias também.
[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]
[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]
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