segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Os 30 Melhores Discos de Rock de 2014

Foto: Ilustrativa

Uma lista de melhores discos do ano existe para ser contestada, comemorada, repassada e - principalmente - discutida. Não existe lista incontestável, assim como não existe lista sem surpresas e obviedades. Entre gigantes do mainstream e anônimos da cena independente, a equipe do RockOnBoard se designou a tratar o gênero sem distinções. Abaixo, separamos os 30 discos que ganharam destaque em nossa redação, separados apenas entre gringos e nacionais. Lembrando que a ordem dos fatores não altera o produto. Divirta-se.

Bruno Eduardo 



INTERNACIONAL

EAGULLS (Eagulls)
Uma atmosfera toma conta dos becos de rock britânicos. Há muito não se via uma excitação tão grande por parte da imprensa local. Com uma nova safra de bandas sedentas se formando, parte desse frisson pode ser sentido de perto em shows isolados de grupos como Eagulls e Savages. O primeiro disco, homônimo, é definido por alguns como uma mistura de Killing Joke com The Cure.
MASTODON (Once More Round The Sun)
Once More 'Round The Sun traz o mesmo rock musculoso que consagrou o Mastodon como o maior nome da nova cena do metal americano. A exploração psicodélica do início da carreira está mais suave, é verdade, mas o grupo permanece em constante crescimento. A fera continua evoluindo - raivosa, ambiciosa e igualmente robusta.
PINK FLOYD (The Endless River)
Nas palavras da própria banda (ou o que restou dela), é um disco homenagem ao exímio tecladista Richard Wright. The Endless River pode não ser o que muitos fãs esperavam, mas é lindo. Vinte anos depois, o Pink floyd faz um disco que não deixa dúvidas quanto a beleza, experimentação e quanto a autoria desse estilo imortal de fazer música.
TRUCKFIGHTERS (Universe)
No melhor disco de stoner rock do ano, o Truckfighters satisfaz os amantes do gênero com a cartilha básica de riffs hipnóticos e levada arrastada. Faixas como "Mind Control" e "Dream Sale" representam o som chapante e intenso de uma das bandas mais legais da atualidade. Universe é o quarto disco de estúdio dos caras - e o melhor até o momento.
THEE OH SEES (Drop)
Mesmo com a decisão engavetar o Thee Oh Sees, Dwyer voou alto em Drop. O disco é uma perfeita exibição da liberdade artística e do despojamento que marcou a carreira do grupo em quase duas décadas. Em Drop, a psicodelia não é uma escolha, e sim, um estado de espírito - como "Transparent World", que poderia estar perdida em algum disco do Flaming Lips.
OFF! (Wasted Years)
Wasted Years é o OFF! visceral de sempre, mas com algumas pequenas mudanças - que deixam o álbum ainda mais interessante. Neste trabalho, o grupo breca um pouco a velocidade e apresenta uma maior variação nos andamentos. "Hypnotized", por exemplo, ultrapassa dois minutos de duração (fato raro na cartilha da banda). 
SAUTRUS (Reed: Chapter One)
Reed: Chapter One é uma explosão cósmica, um espectro sem conotação. Sulcos de psicodelia num caldeirão sabbáthico em ebulição. É rock dos anos setenta, mas poderia ser rock dos anos noventa. Ouça "Iomi Iomi" e "Losao" - onde a voz de Weno remete a um Ozzy Osbourne fase Master of Reality. Chegou a hora de você conhecer a Polônia de uma maneira certa. Discaço.
ROBERT PLANT (Lullaby And The Ceaseless Roar)
Além de uma amálgama de quase tudo que Plant já produziu, esse é um de seus melhores trabalhos solos. Sem pressa e sem peso, Lullaby And The Ceaseless Roar se constrói ao redor de progressões sonoras e arranjos de encher os ouvidos - como as faixas "Rainbow" e "Pocketful of Golden". 
CLOUD NOTHINGS (Here And Nowhere Else)
Punk sujo; reminiscências do grunge; despojamento e noise exagerado. Em seu quarto disco, o Cloud Nothings traz toda aquela expiração juvenil que as bandas noventistas apresentaram ao mainstream por meio da MTV. Músicas como "Now Hear In" e "Just See Fear" podem fazer você voltar a usar os casacos de flanela.   
SWANS (To Be Kind)
Harmonias caóticas, reverberações, melodias vocais fantasmagóricas e acordes de guitarra amargos. Esta é mais uma grande arte desse grupo liderado pela mente geniosa de Michael Gira. Não há refrões pop, não há mãozinhas para o alto e nem isqueiros acesos. O Swans abusa da imprevibilidade musical. Ouça a epopeia do caos - e extraordinária - "Oxygen", e tire conclusões óbvias.
WEEZER (Everything Will Be Alright In The End)
Everything Will Be Alright In the End conta com algumas participações ilustres (Bethany Consentino e Justin Hawkins) e cumpre o que promete. Esse é talvez o melhor disco do Weezer desde o Green Album. Músicas como "Lonely Girl" e "Go Away" provam que a banda tem ainda muita lenha para queimar.
BOB MOULD (Beauty And Ruin)
O décimo disco de Bob Mould não foge à regra. Como foi composto e gravado durante um período complicado em sua vida particular (seu pai estava doente e veio a falecer), há reflexões diretas em todas as canções. Beauty And Ruin é um trabalho mais pesado, e possui letras mais reflexivas e pessoais que em seu ensolarado álbum anterior “Silver Age”. 
JACK WHITE (Lazaretto)
Seguindo a mesma linha musical do elogiado Blunderbuss, Jack White consegue trazer de novo toda sua estética sonora - com guitarradas características e inflexões descoladas. Prestes a aportar no Brasil pela primeira vez em carreira solo (Lollapalooza), ele vive seu auge artístico em Lazaretto - como fica provado em músicas como "High Ball Stepper". 
BRUCE SPRINGSTEEN (High Hopes)
Lançado meses após o fatídico show no Rock in Rio, “High Hopes” conta com a produção de Ron Aniello (Wrecking Ball) e Brendan O’Brien. Além da participação de Tom Morello, os grandes destaques ficam para o solo de sax de Clarence Clemons em "Harry’s Place" e o incrível órgão de Danny Federici em "Down In The Hole" - os dois faziam parte da E Street Band.
AGAINST ME! (Transgender Dysphoria Blues)
Um desabafo! Em 2012, a vocalista Laura Jane Grace confessou ser transgênero - aí o título do álbum. Mas vamos esquecer os conceitos. É musicalmente que o disco se destaca. Em meia hora de som, o grupo transborda numa cartilha de punk alternativo com melodias expansivas. Ah, e Laura está afiadíssima!     



NACIONAL

BARIZON (Towards The Rising Sun)
O disco de estreia do Barizon é uma pedrada nos tímpanos. Towards The Rising Sun é uma coletânea de riffs impressionantes, velocidade, e guitarras que cospem acordes e notas como uma máquina desgovernada. Exagero? Ouça "Summertime" ou "Critical Human Life" - que parecem extraídas de algum repertório do Pantera entre os anos de 1992 e 1994.
FAR FROM ALASKA (Modehuman)
O Far From Alaska surge em 2014 como uma das melhores bandas de rock nacional da atualidade. Em seu primeiro disco full length, o grupo supera todas as expectativas em um trabalho que costura várias influências de forma sublime. Guitarradas, passagens atmosféricas e elementos eletrônicos. Ouça as excelentes "Dino Vs. Dino" e - a épica - "Monochrome"
DARSHAN (Descontrole)
O disco de estreia dessa banda brasiliense apresenta uma cartilha infalível de stoner e rock alternativo. Ajudados por uma produção vistosa, músicas como "O Rejeito" e "Colecionador de Dons" entram em qualquer coletânea para alegrar bares enfumaçados. Destaque para a faixa-título do álbum, que traz influências diretas de Josh Homme.   
MONTESE (Quando Me Encaro de Frente)
Quando Me Encaro de Frente traz o que de melhor existe na cena hardcore nacional. Embora haja espasmos de fúria juvenil em músicas como "Lutar Contra a Maré", são nos fraseados de guitarra que o disco acerta em cheio - ouça a excelente inserção de solos na introdução de "Um Canto aos que Choram" ou o riff reclinante de "Lembranças de um Solstício".
RATOS DE PORÃO (Século Sinistro)
O tempo passa, o tempo voa, e o R.D.P. está cada dia mais sujo e agressivo! João Gordo e seus asseclas não lançavam um CD de inéditas há 8 anos. Pelo visto, o grupo ganhou inspiração nos acontecimentos recentes do país: repressão policial (“Conflito Violento”); redes sociais ("Viciado Digital); e Copa do Mundo (“Grande Bosta”) são alguns dos temas abordados.  
KORZUS (Legion)
Esse é o melhor disco de trash metal lançado no Brasil em 2014. A faixa de abertura "Lifeline" mostra que o Korzus está em grande forma – com destaque para o vocal afiado de Marcello Pompeu. O resto é bater no certo: guitarras sensacionais e músicas que desafiam o tempo – como, por exemplo, "Vampiro", que possui letra em português e um solo de arrepiar.
RAIMUNDOS (Cantigas de Roda)
Os Raimundos demonstram persistência saudável e respeito às origens nesse trabalho. Há Faixas rápidas e cruas - "Rafael" e "Cachorrinha" – que lembram o lado hardcore de discos como Lavô Tá Novo e Lapadas do Povo, e participações especiais que dão um tom mais heterogêneo ao disco. Cantigas de Roda é o resultado digno para uma história que beira a três décadas.
NARDONES (Vol.1: O Horror Supremo Despertou)
"Nardones é como uma mistura de Heavy Metal com Sisters Of MERCY!" - definiu Michale Graves (ex-Misfits). Responsáveis por abrir os shows de Marky Ramone no Brasil, os Nardones mostram em seu primeiro disco algo que ultrapassa o punk tradicional. Há riffs de metal bem tramados ("Os Mortos Caminharão") e vocais exóticos - que vão do lírico baixo ao gutural, transformando o disco em uma cartilha certeira de rock e contos horror.

LEAVE ME OUT (Endless Maze)
O Leave Me Out ganhou visibilidade ao abrir shows do lendário Mudhoney no Brasil. Embora o grunge seja a principal referência sonora dos mineiros, o disco Endless Maze traz algo mais alternativo - com vocais guturais e fraseados de guitarra muito utilizados pelo hard rock noventista. Destaque para a faixa de abertura "Deadman" e "Demise".
LABIRINTO (Masao)
Masao é um disco de uma música só, que possui “apenas” 25 minutos de duração. O título é uma homenagem ao diretor da usina Fukushima, Yoshida Masao. Sonoramente, “Masao” é uma viagem cinematográfica. Em uma linguagem excessivamente abstrata, podemos dizer que o álbum traz uma espécie de concepção díspar do rock moderno.
STATUES ON FIRE (Phoenix)
Phoenix é o primeiro capítulo da nova história de André Alves e Lalo (ex-Nitrominds). O disco se baseia em riffs com influência do trash e vocal punk - como pode ser visto na faixa que abre o CD e dá o nome ao grupo. Com solos de guitarra estonteantes, o Statues On Fire debuta com um trabalho inquestionável - em todos os sentidos - e de uma cruza sangrenta. 
FUZZCAS (Feliz Dia de Hoje)
O Fuzzcas lançou um disco para se escutar nas manhãs ensolaradas - como canta Carol Lima em "Acorde Mais Cedo". Com sonoridade vintage e atmosfera elevada, a positividade come solta nessa colcha de retalhos. Ouça "Bad Girl" - um rock com pitadas de anos setenta e refrão pegajoso - e comprove que o rock continua vivo (e feliz).
PITTY (Setevidas)
Em Setevidas, Pitty abre suas asas e se joga firme em um voo livre, quase independente. O resultado não poderia ser melhor. Mesmo que esse disco pontue a volta da cantora ao mundo rock radiofônico, é na proposta exótica e introspectiva de faixas como "Serpente", "Pequena Morte" e "Lado de Lá" que as coisas parecem fazer sentido.
TITÃS (Nheengatu)
"Fizemos um disco revelante e seminal", disse Belloto em entrevista exclusiva ao Rock On Board. Depois do fraco “Sacos Plásticos” e da bem sucedida turnê comemorativa de “Cabeça Dinossauro”, os Titãs voltam aos tempos de glória com ênfase aos riffs de guitarra e críticas político-sociais. Destaque para "Pedofilia" e - a mascarada - "Fardado". 
REDUTO (O Convite)
O disco de estreia da banda carioca Reduto é guiado pelo rock alternativo funcional de gente como Foo Fighters, Incubus e Pearl Jam. O clipe de "Castelos", o hard sujo de "Fogo Grego" e a inserção exagerada de guitarras na faixa-título representam - com honestidade - a visão independente para os rocks de arena por uma banda de palcos muito menores.  

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