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Com shows marcados no Brasil, Deep Purple sai do roteiro em seu novo disco |
"Infinite"
EarMusic; 2017
Por Gustavo Canine
O Deep Purple, grande dinossauro do rock, chega ao seu vigésimo disco de carreira e pode estar encerrando suas atividades de palco nessa nova turnê que chega ao Brasil em outubro. Como qualquer apreciador de bandas, principalmente da galera dos 70 e 80, ter o privilégio de ver um grupo que surgiu no fim dos anos sessenta ainda em atividade lançando coisas novas é algo que aumenta ainda mais o respeito.
No entanto, melhor avisar logo: é bem difícil para um ouvinte das antigas resumir 'Infinite'. Não pela qualidade musical, mas pela falta de qualquer identificação com o estilo da banda. Pegando como referência trabalhos mais recentes, como os ótimos 'Bananas' (2003) e 'Rapture Of The Deep' (2005), fica notório que este é certamente o disco que mais se distancia da sonoridade que consagrou a banda nos anos setenta.
Logo na primeira faixa, já é possível notar um peso temático que foge bastante do Deep Purple tradicional. "Time For Bedlam", traz um início sinistro, remetendo às vagas memórias do hospital de Bedlam, que foi o primeiro hospital psiquiátrico do mundo. As duas seguintes ("Hip Boots" e "All I Got Is You") são ainda mais diferentes. O fato das três primeiras músicas seguirem por caminhos completamente diferenciados acaba evidenciando que o álbum não possui uma direção comum. Mas ele é garantido na unha por ótimas melodias e pela qualidade musical inquestionável da banda.
Agora, o que não muda de jeito nenhum é a capacidade vocal de Ian Gillan. Mesmo aos 71 anos de idade, ele trata sua voz com muito cuidado e mantém um estilo mais conservador neste álbum. Ainda assim, é possível ouvir um de seus gritos agudos clássicos na faixa "Get Me Outta Here". Já em "The Surprising", a banda surpreende ao percorrer por um caminho completamente progressivo - lembrando muito a banda holandesa, Focus. Mesmo assim, é possível encontrar o estilo sonoro que marcou o Deep Purple em "Birds Of Prey" - mesmo que haja uma inclusão moderna nas vozes de Gillan. O disco revela ainda um espaço para o blues com "Roadhouse Blues".
'Infinite' é um álbum baseado em ideias modernas e garantido pela qualidade musical inquestionável dessa banda que ultrapassa cinco décadas de serviço honesto ao rock. Mesmo assim é uma faca de dois gumes. Certamente vai agradar os mais ecléticos e torcer o bico de alguns fãs mais tradicionais. É aquele disco típico do "ame ou odeie". Bom... Eu amei. E você?
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