segunda-feira, 1 de maio de 2017

De volta ao Brasil após vinte anos, Midnight Oil mostra que não perdeu sua essência

Foto: Rodrigo Simas/ARTS Live Frames
Midnight Oil reuniu cerca de 8 mil pessoas em São Paulo no sábado
Por Ricardo Cachorrão Flávio

Depois de mais de 15 anos afastados dos palcos, eis que o MIDNIGHT OIL anuncia a “The Great Circle 2017 World Tour”, começando na Austrália, seguida de 5 shows programados para o Brasil e a volta completa no mundo, terminando onde começou, novamente na Austrália, em novembro. Neste último sábado de abril, São Paulo se curvou diante de Peter Garrett, Rob Hirst (bateria e vocal), Martin Rotsey (guitarras), Jim Moginie (guitarras, teclados e vocais) e Bones Hillman (baixo), todos em perfeita forma.

Noite fria em São Paulo, casa completamente lotada na Barra Funda, aproximadamente oito mil pessoas pagaram caro para ver esse retorno do Midnight Oil aos palcos. Cerca de 15 minutos antes do horário previsto para o show, o som ambiente passou a tocar temas instrumentais, que não posso afirmar com certeza, mas em minha cabeça aquilo tinha relação com música aborígene, já fazendo parte do espetáculo e, pontualmente às 22:00, apagam-se as luzes, banda no palco e “Blue Sky Mine” já faz o jogo começar ganho! Sequência com “Truganini” e nocaute confirmado!

O gigante Peter Garrett, 64 anos recém completados, esbanja carisma, simpatia e presença de palco, do básico “boa noite, São Paulo” às outras tentativas de se expressar em nosso idioma, para explicar as músicas - e até a escorregada no final com um “Obrigado, Curitiba”, são recebidos com enorme alegria por todo o público, em sua maioria composto por pessoas maduras, muitos acompanhados de filhos adolescentes. Além do carismático vocalista, outro grande destaque por toda a presença fica para o baterista Rob Hirst, que além de mostrar competência com as baquetas e quando cantou em todo o show, foi responsável por um solo correto, sem se tornar chato e enfadonho, como é comum acontecer nesse tipo de intervenção.

O repertório do show passa por toda a extensa carreira da banda (na estrada desde 1976), sendo que tudo o que vem do palco é bem recebido. Mas são nos grandes hits (e não são poucos) que o público explode de emoção, como na introdução de “King Of The Mountain”. As músicas vão se sucedendo, o público canta e dança sem parar, até que chegamos a um momento intimista, com Peter Garrett anunciando, em português, que “esta música fala que todos os homens são da mesma tribo”, e “My Country” chega apenas com Jim Moginie ao piano. Sequência acústica com “When the Generals Talk” e “Luritja Way” e retorno à eletricidade com “US Forces”, faixa do álbum '10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1', de 1982.

Continuação arrasa-quarteirão, que já dava indícios de fim de festa, com “The Dead Heart”, “Beds Are Burning” (essa talvez a música mais comemorada do show), “Read About It” e “Forgotten Years”, que se encerra com a despedida e agradecimentos gerais. Pausa super curta e a banda volta para o bis com “Put Down That Weapon”, “Now or Never Land” e “Sometimes”.

Uma banda de rock, mas, como eles mesmos dizem, não apenas isso. Uma banda de rock com algo a dizer, conteúdo, engajamento e necessidade de nossa parte que não se ausente mais por tanto tempo. Uma noite e tanto, obrigado “The Oils”!

No Rio, banda esbanja vigor e mantém ótimo repertório
Foto: Rodrigo Simas/ARTS Live Frames
Peter Garret esbanjou carisma e energia em sua volta ao Brasil
Por Rafael Rodrigues

Se Rock é atitude, ele deu sua cara no palco do Vivo Rio, na noite de domingo. Com uma invejável competência e vigor jovial, os australianos do Midnight Oil fizeram um show impecável.

Competentes, afiados, empolgados e não soando como um cover de si mesmos - algo que acontece com muitas bandas que voltam à ativa após certo tempo paradas - o excêntrico frontman Peter Garret, o batera carismático Rob Hirst, as guitarras afiadíssimas de Martin Rotsey e Jim Moginie e os apoios do baixista Bones Hillman divertiram o público que lotou as dependências da casa, na sua maioria feita da galera dos anos 80 e 90, que viajaram na nostálgica surf music, bem característica da época.

Pautado em causas políticas, principalmente ambientais, os caras não têm só atitude em suas letras, mas na prática - tanto no palco como em ações seculares. O hiato da banda, inclusive, foi causado pelo afastamento de Peter Garret para ocupar cargos políticos no governo australiano, ligados ao meio ambiente.

Com energia invejável, os veteranos iniciaram o show com o clássico "King Of The Mountain", e seguiu desfilando grandes sucessos de alguns dos seus dezessete álbuns lançados desde os anos 70. Destaques para os mais bem sucedidos da banda: 'Diesel and Dust', 'Blue Sky Mining' e 'Earth and Sun and Moon' que, juntos, tiveram dezessete faixas executadas. A primeira parte do show terminou com a sensacional trinca "The Dead Heart", "Beds Are Burning" e "Blue Sky Mine". Os caras ainda tiveram fôlego, após quase duas horas de intenso show, para voltarem ao palco duas vezes, e presentearem seu público com a ótima "Truganini" para fechar a apresentação.

Os Oils voltaram com tudo! Estão tão bem no palco quanto há vinte anos atrás. Seus músicos continuam tocando com paixão e vigor, e claramente engajados com suas causas. Se você ainda estava em dúvida se vale à pena assistir a um show da mini turnê brasileira, não perca a última chance: os caras ainda tocam em Brasília, nesta terça-feira (02).

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