sábado, 12 de novembro de 2016

Discos: The Fraktal (Thymus)

Foto: Divulgação
The Fraktal volta à ativa com disco cheio de referências filosóficas
THE FRAKTAL
"Thymus"
Independente; 2016
Por Bruno Eduardo


Em 2012, fui designado a fazer a cobertura daquela, que seria até hoje a maior edição do Festival Arariboia Rock. Com isso, tive a oportunidade de assistir a um instigante show da The Fraktal, que naquela ocasião fazia uma despojada cartilha de rock com elementos eletrônicos. Confesso que fiquei bastante impressionado com a originalidade do grupo e com a capacidade artística de seu frontman, Nathan There, tanto que apontei aquele show como o melhor do festival. O que eu não poderia prever - ou imaginar - é que eles demorariam quatro anos para conseguir lançar seu primeiro full length.

'Thymus' chega com a proposta de ser um trabalho conceitual, baseado em referências da mitologia grega e termos filosóficos. Os títulos das músicas são derivados do latim e/ou falam sobre uma diversidade de temas, como amor, desilusão e auto-conhecimento. Teoricamente, é um álbum de difícil compreensão. Mas não se assuste! Dá para curtir o disco numa boa. Sonoramente, o álbum traz muito dos anos oitenta e noventa, com músicas cheias de retalhos cinematográficos e barulhinhos por todos os cantos. "Escotoma", que abre o trabalho, é uma das melhores. Começa com uma batida reta e se transforma num conjunto rock-pop-eletrônico de primeira. "Holofernes", que vem em seguida, também. Só que esta possui um refrão 'de verdade' e um vocal instigante. 

O álbum possui um encaixe perfeito entre guitarras e elementos eletrônicos, além de samples e sintetizadores muito criativos e de extremo bom gosto. É algo minuciosamente pensado, e que nasce da cabeça geniosa do vocalista - e principal compositor do grupo - Nathan There. Muito embora 'Thymus' seja um dos melhores trabalhos do ano na questão instrumental, o vocal de Nathan soa por vezes 'solto' ou sufocado demais pela imponente maçaroca (no bom sentido) sonora do grupo, e acaba sendo uma tarefa das mais árduas tentar entender o que ele está cantando. Em determinados momentos, temos a impressão de que a voz é apenas um elemento complementar obrigatório, ou que realmente poderia não estar ali, já que o instrumental por si só, já é algo genial. 

Mesmo que "Mimesis" e "Oxymoro" façam você colar o ouvido nas caixinhas de som por tamanha quantidade de elementos sonoros atraentes, o prêmio de melhor do disco fica com a eletro-sinfônica "Maleficorum". A canção começa numa pegada crescente de teclados excitantes e vocais quebrados e termina num rock visceral - muito por conta do baterista Davi Hermsdorff, que quebra tudo. O mesmo acontece em "Axioma", que une a pegada rock de um The Mars Volta com a melancolia vocal de que estamos acostumados a ouvir no cenário indie rock.

Em 'Thymus', o The Fraktal traz suas vontades e convicções devidamente refletidas em conceitos, filosofia e nas escolhas de sonoridades. A transpiração artística do grupo transborda num disco audacioso e, antes de tudo, essencial para eles mesmos.

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