Se houvesse um prêmio anual para a banda de rock mais fofa do mundo, sem sombra de dúvida essa honraria seria dada, desde 1981, às japonesas do Shonen Knife. Fazendo um punk pop altamente açucarado e inspirado até a medula pelos seus ídolos Ramones, essas garotas nipônicas são cultuadas lá fora, mas por aqui elas nunca atingiram um grande público: talvez pelo visual muito “menininha meiga”, talvez pelas letras bobas e alegres, sempre falando sobre seu gatinho de estimação, comer biscoitos, passear de bicicleta por bosques floridos e por aí vai (e que, se considerarmos o fato que a guitarrista e vocalista Naoko Yamano já tem mais de 50 anos, causa ainda mais estranheza).
Em todos esses anos nessa indústria vital, seus discos sempre seguiram a mesma fórmula e os fãs adoravam, até porque eles já sabiam o que elas os dariam e era exatamente isso que eles desejavam. Portanto, é no mínimo curioso, que no vigésimo(!!) álbum da carreira, tenham resolvido dar uma pequena repaginada na sonoridade: Ao invés de evocar o punk-pop dos seus heróis Ramones, Buzzcocks e Cia, resolveram fazer um álbum totalmente hard rock, que lembra bastante Thin Lizzy, Kiss ou os primeiros CDs do The Donnas, mais pesado e distorcido que de costume. De cara percebemos que a guitarrista Naoko é um caso a ser estudado, pois ainda que seja uma guitarrista limitada, sua capacidade de fazer canções grudentas é coisa de outro mundo: músicas como “Bad Luck Song”, “Like a Cat” e “Ramen Rock” ficam na cabeça logo na primeira audição e demoram a sair.
Outras músicas que merecem destaque são “Shopping”, com uma pegada meio blues que destoa do restante do álbum e “Jet Shot”, a última faixa e a única que remete aos seus trabalhos anteriores. Entretanto, se temos novidades no que tange às melodias, o mesmo não pode ser dito sobre as letras: “Like a Cat” obviamente fala de felinos; “Fortune cookie” e “Green Tea” são mais músicas sobre seus pratos favoritos e por aí vai. Do que adianta deixar o som mais maduro se as letras ainda parecem infantis?? De qualquer maneira, independentemente disso, é um disco bem alto astral e gostoso de escutar, como tudo que o Shonen Knife sempre fez.
Se você é fã, pode cair dentro, mas se você não conhece a banda, melhor começar antes por seus trabalhos obrigatórios como “Burning Farm”, “Let’s Knife” e “Brand New Knife”.
Ouça: Like A Cat
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