Foto: Eli K Hayasaka
Stage Dive: cena clássica em show do Garotos Podres |
A data de 20 de outubro de 2016 ficou marcada como um dia que abalou o underground paulistano e - por que não? - nacional! Foi divulgado no site Nada Pop um vídeo gravado no evento de comemoração dos 18 anos do Hangar 110, onde o dono da casa, Marco Badin, o Alemão, anunciou que as coisas estão difíceis e depois de muito analisar a situação, a concorrência e até certo descaso do público mais jovem, que em muitos casos prefere assistir a um vídeo no YouTube do que ir ver um show de perto, chegou à conclusão de que a casa perdeu seu sentido e razão de ser, e com isso irá encerrar suas atividades. De acordo com Badin, 2017 será a última temporada do Hangar 110.
Na ativa desde outubro de 1998, localizado a Rua Rodolfo de Miranda, 110, no bairro do Bom Retiro, o Hangar 110 é uma referência de cultura alternativa, sempre apoiando bandas novas e garantindo espaço cativo aos grandes nomes do punk rock, hardcore e música extrema em geral, do Brasil e vários cantos do mundo. Por seu palco, bandas como Cólera, Ratos de Porão, Garotos Podres, Inocentes, Olho Seco e tantas outras de todo o país, como Devotos (PE), Pacto Social (RJ), Repudiyo (PR) dividiram palco e camarins com nomes como The Exploited, GBH, Stiff Little Fingers, CJ Ramone, Brujeria, Agnostic Front, Riistetyt, OFF!, UK Subs, D.O.A., VoiVod ou Jello Biafra.
Ali muitos garotos se encontraram, fizeram amizade e montaram bandas juntos. Muitas bandas surgiram através do “Skema 110”, festival de bandas novas, com garra e tesão de mostrar seu trabalho. Flicts, Os Excluídos, Dead Fish, CPM22, NX Zero e tantas outras cresceram nesse palco. Bandas clássicas do rock nacional dos anos 80 também passaram pelo Hangar, como Titãs e Camisa de Vênus. Outras bandas de estilos diversos como Matanza e Velhas Virgens também tiveram seu espaço, mas, sempre ROCK!
A repercussão do comunicado foi grande nas mídias sociais nos becos paulistanos. Muitos frequentadores ficaram desanimados com a notícia e outros fizeram questão de enaltecer os bons momentos vivenciados no Hangar. Muitos artistas sempre consideraram o local como um verdadeira lar, e pensando nisso, resolvemos ir atrás desses personagens, que estão consternados com a atual situação. De tudo que foi falado e ouvido sobre o tema, não faltam teorias de conspiração e acusações. Entre essas justificativas, as que imperam à boca pequena é que o público está preguiçoso, que a internet é a grande vilã e que o problema também passa por muitas bandas, que se preocupam apenas em passar pela casa no dia em que existe um cachê, mas não se preocupam com a cena de um modo geral - como ir ao local apenas para assistir a banda de um amigo tocando, como era normal em tempos passados.
Se de tudo isso pode ser tirado um ponto positivo, é que das mais de 100 pessoas com as quais conversamos sobre o assunto, ligadas de uma forma ou outra a história e ao legado do Hangar 110, muitas delas se mostraram firmes no propósito de ajudar a casa de alguma maneira, de tal forma que façam o Alemão e a Cilmara, esposa e sócia, a repensar a decisão de “última temporada”. Existe luz no fim do túnel, e que assim seja!
Abaixo alguns depoimentos de pessoas que fazem parte da história do Hangar 110:
Foto: Eli K Hayasaka
Show do Restos de Nada no Hangar 110 |
Clemente Nascimento – Inocentes / Plebe Rude
"Conheci o Hangar em 2003. Foram meus primeiros trabalhos como roadie do Cólera. Lá eu conheci o hardcore de verdade e o punk. Porra... Esse lugar foi fonte de inspiração do meu bar, o Zapata. Lá eu fiz o som de alguns de meus ídolos, chapei demais, arrumei vários trabalhos lá. É uma perda enorme para cena underground paulista, mais fazer o que? Ninguém mais cola em show de ninguém! Sempre tudo vazio. Manter uma casa é um pesadelo..."
Daniel Fernandes Lopes, o Mailo – Baixista do Desgraciado e proprietário do Centro Cultural Zapata
"Estou aqui em nome do CÓLERA para dizer o quanto o HANGAR 110 sempre foi e sempre será importante em nossa longa história. Local onde bandas do underground, não só de São Paulo, como do mundo inteiro se apresentaram. Muitos de nós tivemos honra de dividir este palco com UK SUBS, STIFF LITTLE FINGERS, GBH E DEAD KENNEDYS (para citar o mínimo), nesta hora não posso me calar e ficar de braços cruzados esperando pelo fim de um dos principais patrimônios culturais do país. Sei que pode parecer pouco, mas me comprometo a ceder gratuitamente duas datas do CÓLERA para 2017 e pagar pelo meu ingresso para entrar no evento. Pois somente com a consciência de todos, nós iremos continuar a contar com esta e outras casas que sempre lutaram para nos proporcionar espetáculos grandiosos. Espero ainda poder contar com o apoio de outras bandas. FORTE E GRANDE É VOCÊ!!!!"
Val Pinheiro – baixista do Cólera
"Bom, não sei se isso vai mesmo se concretizar, mas o Hangar é, e sempre será um dos maiores redutos do rock nacional. Bandas de todos os locais e estados do país sempre tiveram o local como uma referência. Por isso sempre será muito importante pra cena e pra formação do rock, do punk e do hardcore em São Paulo. É um local fundamental pro desenvolvimento da cena."
Bruno Eduardo – Editor do site Rock On Board e apresentador do programa ARNews, na Rádio Planet Rock.
"Infelizmente, só toquei duas vezes no Hangar. Mas perdi as contas de quantos shows vi ali. Meteors, Demented Are Go, Boom Boom Kid, CJ e Richie Ramone, Cólera, Statues on Fire, além de bandas novas, como o Subalternos. Gosto muito da estrutura do Hangar, tanto pra assistir shows quanto pra tocar. Som bom, palco alto, com equipamentos bons, fácil acesso e a história de fechar cedo que ajuda quem pega o metrô de volta pra casa. O Hangar tá fechando, mas, infelizmente, não tá sozinho nessa. O público tem sumido dos shows e, provavelmente, outras casas devem seguir o mesmo caminho..."
Alexandre Saldanha – Guitarrista do Reverendo Frankenstein
"Pô, tive grande momentos lá com os Inocentes, tocando junto com o Cólera, com o Seek Terror abrindo pro GBH, enfim, foram vários momentos bacanas e acho que muita banda teve o prazer de tocar no palco do Hangar, uma casa bem estruturada, bem projetada pro rock. Mas também, vamos ser francos, muitos reclamavam de pagar R$15 ou R$20, e pra tomar cachaça lá do outro lado era “1-2”, entendeu? Então teve falta de colaboração, né? E pra manter uma casa daquele porte, daquela estrutura,não é fácil. Envolve aluguel, um monte de coisa. Em resumo: só tenho a lamentar, se isso acontecer de fato. E só quero agradecer em meu nome e em nome dos Inocentes, do Fogo Cruzado, dizer a eles o nosso muito obrigado por todo o tempo e toda dedicação que eles tiveram, desejar parabéns por tudo o que eles fizeram pelo rock nacional."
Anselmo Carlucci, o Monstro – Baixista do Inocentes e do Fogo Cruzado
"Toquei pelo menos uma três vezes com o Asteroides no Hangar, Convidado pelo Nenê Altro, abrindo um show do Dance Of Days. Convidado pelo Deedy (We are the Clash), tocando na Night 77. Shows que foram memoráveis para mim lá: Olga com Lambrusco Kids, Cólera (ainda com o Redson), Demented are Go, Hats, o Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos, entre muitos outros. Torço para que a casa não feche as portas. O problema não é só em São Paulo. Em Curitiba, por exemplo, a casa 92 GRAUS passa pelo mesmo problema. Inclusive foram feitos diversos shows solidários para ajudar a manter o local aberto."
Leandro Franco - Asteroides Trio
"Conheci o mundo punk rock a pouco tempo, e desde então tenho acompanhado a cena. O Hangar é o grande responsável por isso. Foi lá que conheci o movimento, "aprendi" como é divertido pogar, fiz amigos e mais do que isso, convivi com pessoas que me ensinaram o que era tudo aquilo. Bandas como Cólera, Deserdados, Flicts, Zumbis do Espaço, foram lá que ouvi pela primeira vez. Ótimas lembranças!”
Alê Galvão – Frequentador
"Eu estava lá ontem à noite, e confesso que bateu um bode e até fui embora repensando e pensando muita coisa. Concordo com tudo que o Alemão falou. É foda! Tem o lado do público, mas tem o lado das bandas também. Pra mim show em Sampa só deveria ser lá. Várias casas não tratam a música como arte e sim como negócios, que é uma parte importante da coisa, mas o Hangar coloca todo mundo em pé de igualdade, público e banda são um só! E digo mais, man! Nós que temos banda, temos sim que dar exemplo, acho sim que temos obrigação de ir no máximo de shows possíveis, trocar ideia com a molecada com quem se interessa pelo seu som, mostrar som de bandas de amigos."
Ed Chavez – Baixista do Oitão
"Notícia triste, Hangar 110 vai fechar? É muito foda isso! Point Punk/Hardcore de São Paulo, o Kolapso 77 teve o privilégio de tocar nessa casa e o que posso falar é que todas as nossas apresentações lá foram Demais! Tocamos junto com bandas brasileiras, fizemos abertura de Shows de Bandas internacionais, dentre elas GBH, UK SUBS, ATTAQUE 77, entre outras. Vou me unir ao Val Pinheiro para ajudar no que for possível para tentar evitar essa decisão do Alemão. Não podemos deixar que isso ocorra."
Rogério Kojeca – Vocalista do Kolapso77
"O que eu poderia dizer sobre um lugar como o Hangar 110? O que eu poderia dizer sobre um local que me proporcionou a oportunidade de assistir alguns dos melhores shows da minha vida? ALL, uma das bandas que eu mais amo; os N.Y. Dolls quase me levaram as lágrimas; Jello Biafra & the Guantamo School of Medicine me arrepiou até a alma; Rezillos uma aula de como divertir uma casa inteira; e finalmente um dos dias mais emocionantes da minha vida quando toquei EAEO ao lado do Val e do Pierre no tributo ao mestre Redson, que tinha acabado de falecer! O que dizer sobre a cordialidade e atenção vindos do Alemão, da Cilmara, do Tom e de toda a equipe da casa? Nunca fui tão respeitado enquanto músico em toda minha vida. Toquei tanto com o Drakula quanto com o Muzzarelas várias vezes por lá. Alguns shows foram lotados, alguns vazios, mas nunca saí de lá sem ter um sorriso estampado na cara, de orelha a orelha. O Hangar deu o que muita gente precisava: uma oportunidade de poder trabalhar ao lado de alguém que ama o que faz. E isso, meus amigos, não acontece todos os dias e nem em todos os lugares."
Daniel Pacetta Giometti (Daniel Ete) – Muzzarelas / Drakula
"Foi como um soco no estômago essa notícia, bem quando você não está esperando... Sinistro, fiquei sem palavras! O único jeito de fazer não acabar é mostrar que isso é importante."
Marco Zakir (Markon) – Ex-Lobotomia
"Bom, o Hangar pra mim é um ambiente mágico. Vivi experiências sensacionais tanto como músico, trabalhando com algumas bandas de amigos ou simplesmente pra ver um show de uma banda que eu gosto. Cada dia era único. Nas vezes em que toquei, quase sempre com o 88não foram todas históricas, dividi palco com GBH, Replicantes, Cólera, Flicts, Garotos Podres, todas bandas históricas e que me influenciaram de alguma forma, além claro das diversas bandas de amigos. Temos muitas bandas boas por aqui! Nas vezes que trabalhei lá, com o Blind Pigs ou Dance of Days também sempre foram fora de série poder ver o Hangar lotado com todo mundo cantando as músicas, sem qualquer desigualdade, somente com o intuito de espantar os demônios do dia a dia e se divertir uma noite. Sempre foi foda. E ainda tem as vezes que fui como mero espectador, diversas vezes que vi Dead Fish, CPM22, Reffer e Street Bulldogs, Ratos de Porão, Hateen, Garage Fuzz, Zander, Attaque 77, Rodox... Dois shows em particular, sempre ficaram na memória: CJ Ramone e Bouncing Souls. Enfim, o Hangar é um poço de lembranças, e eu não consigo elencar agora nenhuma lembrança ruim, o que eu tenho certeza é que nesses últimos meses de Hangar eu farei o possível pra colar em ainda mais shows e guardar ainda mais memórias desse templo da música alternativa brasileira!”
Nicolas Miranda – 88Não
"Uma das melhores casas de underground, se não a melhor! Muitas lembranças, a união dos melhores... MUITO TRISTE!"
Marcelo Altafim – Frequentador
"Durante muito tempo, o Hangar foi a minha segunda casa. Nos primeiros anos, eu ia direto! O Marcão e a Mara sempre foram super queridos, provaram serem meus amigos em momentos difíceis. Então, só tenho boas lembranças do Hangar, só boas lembranças do casal e eu acredito que eles não vão acabar! Acredito que a casa tem muita história e com certeza vão pintar alguns eventos e eles irão mudar de ideia. Bom, pelo menos é o que eu espero. Mas torço ainda mais pelo Marcão e para a Mara. Torço para o que for melhor para eles, independente do Hangar! E cara, como músico, talvez as melhores lembranças da minha vida de shows foi no palco do Hangar 110! O Blind Pigs deve ter feito pelo menos uns 10 shows lá, toquei lá também com o Clan Bastardo, quando a gente se encontrou ali, com o Inocentes, então, só tenho boas lembranças. Toquei uma vez naquele Tributo ao The Clash, com o Mingau, o Redson, o Nasi, tinha um monte de gente, foi muito legal, só tenho lembrança boa do Hangar, mano! Não tenho nenhuma lembrança ruim, como público e como músico, cara! A gente tocou com o Rasta Knast, a gente tocou com o No Fun It All, se não me engano, a gente tocou com o US Bombs, porra! Fantástico! Fora as bandas gringas que eu vi lá, uma melhor que a outra! Vi um monte de shows bons lá!"
Christian Targa (Gordo) – Ex-Blind Pigs / Christian Targa & Surf Aliens
"Madame Satã, Rose Bom Bom, Dama Xoc, Aeroanta, Projeto SP, Olympia e agora Hangar 110. Quando recebi a noticia, através do vídeo gravado pelo proprietário (Alemão) do Hangar 110, de que a lendária casa de shows encerraria suas atividades em 2017, uma profunda tristeza e várias interrogações tomaram conta do meu pensamento. Vivi mais da metade da minha vida nessas casas noturnas de shows e conheci o Hangar 110 lá pelos meus 30 e poucos anos. Mas o Hangar 110 certamente superou todas essas casas citadas acima. Lá passei horas maravilhosas vendo bandas de punk de fora do país e nacionais também. Seria difícil citar um show memorável porque todos foram especiais. Será que existe a possibilidade de isso ser revertido? Hoje em dia os mais jovens não possuem mais vontade de ir aos shows. O público interessado no underground está morrendo? A Internet seria uma das culpadas? Confesso que não tenho respostas para essas perguntas, mas espero realmente que a casa possa se recuperar de alguma forma e seguir em frente. Seria muito triste é uma perda irreparável para a cena underground paulistana e do Brasil."
Luis Fernando Almeida – Frequentador
"Vamos tentar reverter essa situação e não deixar o Hangar110 fechar! Acredito que há tempo ainda!"
Denis Piui – Guitarrista do Garotos Podres
"Eu tive a oportunidade de ver o Hangar nascer. Inclusive, rolou uma espera da volta do Olho Seco na época, pra esperar o Hangar 110 ficar pronto pra estrear em grande estilo, com a volta do Olho Seco, como foi. Tive a oportunidade de ver isso acontecer, de ajudar de alguma forma, quer seja ajudando com a carregar equipamentos, ajudando a montar, emprestando, enfim, ajudando modestamente no que pude. Também tenho muito orgulho de ter tocado lá ao lado de grandes bandas. Quer tenha sido com o Down Hill, quer tenha sido com o Atroz. Dividindo a noite com bandas nacionais como Ratos de Porão, Korzus, Agrotóxico, Ação Direta, entre tantas outras. Bandas Internacionais como The Varukers, GBH, Cripple Bastards, Simbiose e outras. Fora poder ter assistido a uma gama de bandas clássicas como The Exploited, Brujeria, Toy Dolls, Jello Biafra, Sick of it All e muitas outras. Na minha opinião o Hangar é a casa que simboliza a cena de São Paulo e porque não do Brasil. Mesmo depois que feche seu ciclo ainda assim continuará sendo assim pra mim. Em resumo, o Hangar 110 pra mim significa o lugar onde pude encontrar amigos, conhecer pessoas, conhecer bandas muito boas que pra mim marcam um período bacana da minha vida."
Ricardo Bauer – Bauer Percussion, Baterista das bandas Down Hill e Atroz
"Nossa... O Hangar nos deu momentos inesquecíveis com bandas punk... Bandas do mundo todo... Bandas que nunca imaginaria ver ao vivo... Isso o Hangar nos deu! Bandas que na década 80 era do sonho, mas hoje podemos ver ao vivo. Pena que não teremos mais o Hangar, mas o Alemão vai achar outro espaço pra molecada zonear! O movimento das bandas continua..."
Nivaldo Silva – Kaos 64
"Acho que pra essa galera do interior que tem banda, pelo menos na época que eu comecei a frequentar esses rolês (nos meus 13, 14 anos de idade) o Hangar 110 era uma espécie de ponto alto de qualquer banda. Chegar para as outras pessoas e dizer que tocou em São Paulo, no Hangar 110 era como se a banda já fosse conhecida no underground. Tive o prazer de assistir Catalépticos, Flicts, Calibre 12, Lobotomia, Uzomi entre outras."
Conrado Rios Lima – Frequentador e guitarrista do Fetus Humanóides
"Fui ao Hangar 110 tem bastante tempo e ainda havia a mini rampa de skate. Um dos shows que me lembro foi do Zumbis do Espaço, Carbona e Muzzarelas. Era o aniversário do selo 13 Records. Eu estava fazendo uma faculdade e Fotografia em São Paulo. Anos depois eu voltei para o participar do Tributo ao Redson. Um show histórico, emocionante e inesquecível para mim. Eu gostaria de ter tocado com a minha banda no Hangar 110. Isso quase aconteceu em 2015, durante uma turnê que fizemos por São Paulo, fomos informados em cima da hora que o show que seria no Hangar tinha sido transferido para outro local. Uma pena. Queria muito ter tocado em uma casa que era palco de bandas como o Cólera, RDP, e tantas outras nacionais e internacionais. Mas eu já fui sócio de uma casa de eventos aqui em minha cidade, e passamos por muitos perrengues como esse que o Hangar está passando agora, principalmente a falta de público. É uma pena essa notícia do fechamento, pois cada espaço que fecha, dificulta ainda mais a vida de todos, do produtor de evento como das bandas e atinge lá no final o público. Mas tudo que é feito com sentimento, fica para a história, e isso ninguém tira. E a cena segue!"
Nem Tosco Todo – Vocalista do Cama de Jornal (BA)
"Nitrominds foi uma das primeiras bandas a se apresentar no Hangar. Foi lá que ganhamos o respeito em SP, foi lá que vi muitas bandas, foi lá que eu toquei duas noites com o Down by Law, foi lá que eu fiz muitos amigos. Entendo totalmente o lado do dono, Marcão, pensei da mesma forma quando acabei com o Nitrominds, nada é pra sempre, mas escreveu sua história."
André Alves – ex-Nitrominds / Musica Diablo / Statues on Fire
"Pequeno, apertado, incômodo, mas muito intenso. O Hangar 110 é o único resquício de underground oitentista dentro da cultura pop nacional no século XXI. É o que mais se aproxima de locais mágicos e cultuados como as casas Napalm e Ácido Plástico - e, até certo ponto, Madame Satã e Rose Bom Bom, todas elas ícones da juventude dos anos 80. O anúncio de que o Hangar 110 vai fechar é uma tragédia para quem costuma estar atento a novidades, a frequentar o underground e perceber o mundo underground como necessário e fonte primordial de criatividade e como alternativa à pasteurização da música - e da cultura como um todo. O fim do Hangar 110 é uma derrota coletiva de quem gosta de boa música, mas também de diversidade, versatilidade e de posturas alternativas e democráticas. Eu adorava o lugar com todos os seus defeitos, pois eles davam significado aos termos alternativo e underground."
Marcelo Moreira – Jornalista / Combat Rock (UOL)
"Através de todo esse tempo, já deve fazer quase 10 anos no meu caso, de convivência e shows no Hangar 110, existe algo que nunca mudou desde o primeiro dia que eu entrei naquele lugar: o seu poder de fazer com que qualquer pessoa que ali esteja, se sinta, de alguma maneira, parte de algo importante, transgressor e revolucionário, mesmo que em muitas ocasiões, para os olhos mais atentos, não seja nada daquilo. Toda a sua ideologia de arte alternativa suburbana faz desse ponto de encontro um ambiente que instiga a liberdade e o olhar crítico da cidade que o cerca. Para mim, que já viu todas as melhores bandas punks de SP naquele palco, o seu fechamento significa o fim de um ciclo marcante na história dessa metrópole que, sem dúvida, deixará saudades."
Diogo Guedes – Professor, ator e frequentador
"O que eu posso dizer sobre o Hangar 110 é que a gente lamenta, por ser uma casa a menos que teremos aqui em São Paulo, embora abram tantas baladas – o que também ocasiona o fechamento de outra, né? Vão aparecendo outras novidades e as pessoas migram, mas vou te dizer uma coisa... Parabenizo o Alemão pela ousadia que teve ao abrir aquela casa, naquela localização, porque quando o Hangar começou a funcionar, eu mesmo duvidei. Pensei: ‘nossa que lugar, podemos dizer, inóspito’ porque não tem nada ali do lado, tem um boteco! Boteco tem que ter, né? Boteco salva qualquer lugar, né? Boteco e cerveja barata salva qualquer casa... Metrô também facilitou, também coisas que ele fez lá, ele impunha um certo horário, que facilitava das pessoas poderem ir lá, ver um show e voltar mais cedo pra casa. E o Hangar foi uma grande vitrine pra essas bandas undergrounds, porque quantas bandas se apresentaram ali? Bandas de nome aqui de São Paulo, como o Inocentes que várias vezes tocou ali, o 365, Fogo Cruzado! Bandas internacionais, pô, tive a oportunidade de ver pela primeira vez aqui no Brasil o Rezillos, que achei sensacional... E tantas outras bandas gringas que lá tiveram esse espaço. Mas é aquele coisa... O Projeto SP também foi uma casa importante, uma hora de repente a casa fechou as portas. É isso, parabenizo o Alemão mais uma vez pela ousadia de ter criado o Hangar! E podemos ter na memória Vida Longa ao Hangar 110, é isso aí, e bola pra frente, pode esperar que vão abrir outras portas que vão dar oportunidade pras bandas."
Ronaldo Passos – Guitarrista do Inocentes
"Man, o Hangar pra mim é a casa mais foda da cena underground de São Paulo e do Brasil! A que mais se parece com as da gringa. Eu sendo o batera dos Garotos Podres, fiz shows memoráveis, sempre lotados, tocando com o CJ Ramone e tantas outras bandas. Realmente é uma pena que vai fechar... O problema aqui é que as bandas são desunidas, umas competem com as outras, e o que está acontecendo com o Hangar nada mais é do que o resultado disso, a desunião, o público que agora está se comovendo nas redes sociais, são as mesmas pessoas que se tirassem a bunda do sofá e fossem aos shows para prestigiar a cena underground, o Hangar não estaria fechando. E te falo mais, outras casas vão pelo mesmo caminho se essa postura das bandas e do público não mudar. Fica na memória os grandes shows que eu fui e os que eu toquei!"
Leandro Caverna – Baterista dos Garotos Podres
"A crise e falta de público está pegando todo mundo. O Hangar 110 faz parte da minha história. Um dos lugares mais legais que já toquei e frequentei. Ia lá sempre que podia para ver show de outras bandas e sempre fui muito bem recebido por todos da casa: o Alemão, a esposa dele, os seguranças e faxineiros, todos sempre simpáticos comigo, seja tocando ou apenas no rolê. Acredito que 2017 será um ano bom e o Alemão vai conseguir segurar e superar tudo isso numa boa, pelo menos esse é o meu pensamento positivo. Sei que isso não paga as contas, mas acredito que o Hangar não vai fechar. Lá ainda é e vai ser sempre minha casa."
Barata – Vocalista do DZK
"O Hangar foi mais que minha casa, mas a casa de todos os meus amigos e lugar favorito pra tocar e ver shows. Desde o susto dos shows antes da meia noite, até passar a amar este horário. Não consigo imaginar SP, o Brasil, sem isso. É como perder um parente."
João Veloso Jr. – Baixista do White Frogs e Please Come July
"Uma das coisas que mais lamento quando fui morar fora do Estado é de ter ficado longe do Hangar 110."
Dimas Fernandes Vieira Junior – Historiador e Frequentador
"Foi com muito pesar que recebi a notícia de que o Alemão quer fechar as portas da sua casa noturna, o Hangar, em 2017. Um dos motivos seria a falta de público. Isso é triste e grave, pois já são poucos os espaços que temos na cidade para bandas alternativas, com shows e bebidas por um preço justo e boa localização. Minha primeira vez no Hangar foi para ver uma exposição sobre o punk paulistano no ano 2000, e depois disso curti inúmeros shows e festivais ali, como Punktoberfest, Noite 77, tributos, shows internacionais, despedidas de bandas, além de encontrar e fazer amigos na casa e cobrir shows para o site rocksp.com.br. O ambiente do bar decorado com relíquias do punk paulistano é uma memória viva, aquele cantinho que é uma extensão da nossa casa. Espero que a situação mude, que o Alemão tenha apoio, que as atrações continuem, as pessoas apareçam, e que eu possa continuar contribuindo para manter essa opção por muito tempo!"
Silmara de Oliveira – DJ, tradutora, fotógrafa e frequentadora
"O Hangar não foi criado no auge do movimento punk brasileiro, mas sem dúvida, contribuiu e muito para a consolidação com ótimos registros dele. É uma pena que no ano de sua maioridade, sejamos surpreendidos com tão triste notícia. Junto com a Lixomania, subi e me diverti várias vezes naquele palco e, foram muitos e muitos shows memoráveis, nacionais e internacionais que assisti lá. Não gosto de falar sobre assuntos tristes como esse do fechamento do Hangar110, por isso quero agradecer ao Marcão (ou Alemão, se preferirem), ao Tom, à Meire... enfim ... À todos que fizeram, ou melhor, que ainda fazem do Hangar uma casa que nunca será esquecida!"
Moreno – Vocalista da Lixomania
"O que eu tenho a dizer que o Hangar é que é uma referência ao movimento rock alternativo sem precedentes. Com o AntiOxidante nunca tocamos lá, mas com outras bandas que participei como Dick Vigarista e Identidade Falsa tenho boas recordações do local. Como público, assisti apresentações memoráveis de bandas como Inocentes, 365 e do eterno Ramones (que me fugiu o nome). Na primeira passagem como músico, trocando ideia com o Alemão, descubro a importância dele como pessoa, músico e realmente da proposta do espaço. Em resumo, o Hangar sempre será referência para a nossa Cultura e fará falta no cenário nacional. Nós da banda AntiOxidante lamentamos muito o fim desse espaço e desejamos muito que o Alemão vença essa fase ou abra um novo espaço pra galera que já anda tão carente de espaço. Vale lembrar que a cena também tem culpa de tudo que a música honesta e verdadeira está passando."
Rodrigo Assis, o Digão – Guitarrista e vocalista da AntiOxidante
"Inegavelmente, o Hangar 110 deixou e deixará uma grande contribuição ao Rock e o Underground, nunca tive o prazer de tocar no espaço, mas tive o prazer de ver várias bandas tanto daqui como de outros países, e uma casa que tinha uma estrutura diferenciada ainda mais quando começou, mas os tempos e gerações mudam, gostos, lugares, ações, o Alemão foi muito feliz em citar a internet como uma grande ferramenta de divulgação dos eventos e gigs, mas também deixou a galera muito ociosa e pouco presente nos rolês, lembrando que outras casas e espaços surgiram nesse tempo e naturalmente uma galera migra, quem sabe os próprios donos abram ou idealizem outro espaço, se serve como um alívio, outras casas reclamam também de custos de manutenção e a falta de público, se quisermos mantê-los, frequentar é uma grande ajuda."
Hugo Lemos – Vocalista da 90 em Chamas
"Conheci o Hangar em 2004, onde eu reencontrei amigos e colegas que eu não via a mais de 20 anos, desde o final da década de 70 do salão Construção, onde eu fui DJ e produtor. Muitas bandas punk que tocaram no Hangar tem na sua formação caras que frequentaram o Construção. Hoje tenho uma banda com o meu filho e meu sobrinho graças ao Hangar. Através dos shows que foram muitos entre eles Inocentes, Cólera, Invasores de Cérebros, Ratos de Porão, The Lurkers, Discharge, New York Dolls, Toy Dolls, juntado ao clima do lugar e o contato com os velhos amigos e colegas das antigas eu me senti no salão Construção, o que foi mais foda foi quando eu percebi que o meu filho e meu sobrinho estavam captando a mesma emoção que a minha, a identificação foi tanta que hoje tenho uma banda com o meu filho e o meu sobrinho (Banda Pedroso) por influência dos shows e do público do Hangar. O Hangar para mim é uma vitrine do verdadeiro rock paulista, principalmente da periferia, que nunca vai morrer, assim como o Hangar que também não vai."
Aguinaldo Pedroso – Proprietário do lendário salão Construção e vocalista da Banda Pedroso.
"Final dos anos 90, e uma casa no Bom Retiro torna-se um dos mais importantes palcos para o Punk Rock nacional, mundial podemos dizer, afinal ali eu vi bandas que antes não imaginaria ver tocando por aqui, como Stiff Little Fingues, Jello Biafra, Varukers, G.B.H., Lurkers, Exploited, Doom, etc e etc. Ali eu vi a última apresentação de Restos de Nada, Cólera, a volta do Olho Seco que me marcou muito e tive o privilégio de tocar no mesmo evento, conhecer tanta gente legal. Um dos lugares com melhor estrutura que eu tive a oportunidade de tocar, talvez o melhor, quando digo em importância, melhor... eu não me refiro somente a infra-estrutura, me refiro também a importância seminal para o tecido da existência e resistência de um período sensacional que o underground atravessou, importância cultural e histórica. Ali toquei com Sarjeta, Kaos 64, Excomungados, Invasores de Cérebros, fiz participação com Mukeka di Rato e Cólera, por falar nisso, foi a última vez que conversei com meu amigo e ídolo Redson. Apesar de supostos equívocos e histórias não tão agradáveis, quero deixar claro que sempre fui muito bem tratado pelo Marcão (Alemão) e pela Cilmara. Alemão foi sempre um verdadeiro gentleman comigo. Os picos que abrem espaços para Punks, sempre tiveram vida curta, mais um sintoma que o movimento continua de certa forma conservando este lado autodestrutivo, mas no geral tenho muito mais positividades a ressaltar. Sempre me perguntei como aquele lugar durou tanto tempo, como o modismo de hc melódico e emo passou, e as contas continuam chegando para todos, chegou o momento de dizer RIP Hangar 110, fico contente e orgulhoso por ter feito parte de sua história, tocando e principalmente me divertindo em noites tão memoráveis. O Punk Rock continua vivaço, ele foi e continua sendo uma montanha russa, aguardo e faço minha parte por dias melhores, valeu Hangar, êra Punk."
Fábio Rodarte – Sarjeta / Excomungados / Kaos 64 / Invasores de Cérebros
"Espaços voltados para a cultura punk/hardcore são tão escassos em São Paulo e no Brasil quanto água no Saara. Existem só no subsolo e, o Hangar 110 talvez tenha sido o mais bem sucedido empreendimento do gênero na capital. É dever de todas as bandas e do Asfixia Social apoiar sua re-existência, até o último suspiro, e que tenha vida longa!"
Kaneda – Asfixia Social
"O Hangar 110 é sim o lugar com melhor visibilidade para uma banda underground no BRASIL. Haviam festivais, por exemplo, o SP Punk festival, que era o sonho para nós no início da banda, conseguimos tocar por duas vezes nesse grande festival, era mágico a atmosfera, sabão no cabelo, vinho comprado com aquela ‘intera’ entre brothers, ver aquela banda que você tanto ama e tocar com ela era o máximo. Fazíamos fitinhas cassete da banda para divulgar no evento, era o máximo que pensávamos chegar. Depois vimos que podíamos mais, fazer camisetas, tentar um lançamento em vinil, tocar em outros estados, conhecer outros punks de vários lugares, era a cena tomando conta de você e abrindo sua mente, é foda demais até hoje e para mim, conhecemos pessoas e mais pessoas com ideologias legais. O Hangar 110 é sim um espaço muito foda! É caro pra cacete para manter aquela estrutura, creio eu. O ÓDIOSOCIAL sempre teve momentos míticos ali naquele palco. Estão falando que vai acabar, eu não quero que acabe! Com certeza quero tocar outra vezes no Hangar 110, ver e rever alguns brothers por lá e continuar o corre. Como diria o grande poeta do Punk mundial abre aspas 'Bola pra frente que atrás vem gente'!"
Leandro Sampaio, guitarrista do ÓDIOSOCIAL
"Pô, o Hangar pra mim sempre foi e será um puta lugar muito legal. Ter feito parte disso, de ter feito shows memoráveis, com bandas que cresci ouvindo e dividi palco com eles, camarim, enfim, foi no Hangar 110 que rolou, toquei no mesmo dia que o UK Subs, GBH, Discharge, Exploited, Riistetyt da Finlâmdia! Isso tudo rolou no Hangar 110! É uma pena essa notícia, não sei os motivos, mas dependendo do que for, temos que respeitar. É triste para as bandas, mas boa sorte ao Alemão e esposa. Fizeram muito pela cena!"
Betinho Masseti – Baterista do Ratos de Porão / Periferia S.A. / Kolapso77
"Com o fechamento do Hangar 110, casa que abrigou shows históricos desde a segunda metade dos anos 90, paralelamente e talvez até pelos mesmos motivos, nos despedimos aos poucos de todo um movimento que intercambiava arte e informação para o estímulo de todos os sentidos dos fãs da relevância do simples porém honesto "do it yourself". Tanto se falou em D.I.Y. às novas gerações até que, junto com as novas tecnologias, apareceu uma molecada diferente com certa deturpação de comportamento social e que aplicou o D.I.Y. ao seu próprio modo, sem se preocupar em preservar o que havia sido costurado durante décadas. E somado à escassez dos antigos fãs que passaram a selecionar mais os rolés em toda essa cena devido a idade, trabalho, família e outras responsabilidades, houve o fato dessa molecada não dar mais a mínima para marcar presença nos shows porque blu-ray é mais legal, não comprar discos porque tem Spotify no celular, não comprar camisas de banda porque "a crise tá foda" e por aí vai. E o pior legado de tudo isso é que, apesar dessa bundamolência não ser algo generalizado, ainda assim vemos toda essa cena que teve seu auge nos anos 90 desmoronar, esfarelar e passar por entre os dedos das mãos cerradas dos saudosos. Diante de tudo isso fica a pergunta: what's the next?”
Marco Casado Lima – Colaborador do Portal Rock Press
"Sabe aquela sensação ruim quando você sabe que um grande amigo seu está indo embora, morrendo? Foi isso que senti quando soube que o Hangar 110 estará fechando as portas. Sempre fomos (Devotos) muitos bem recebidos pelo Alemão, responsável pela emblemática casa de show do circuito underground em SP, tbm por todos que nos convidavam e nos recebiam na casa. Fizemos grandes shows lá, conhecemos muita gente boa, fizemos amigos... Sabemos que manter uma casa com o perfil e nível do Hangar110, nesses últimos tempos, é bem complicado, pois o público e a forma de consumir música mudaram muito no Brasil, fora dinheiro curto, manutenção cara para manter o mínimo funcionando bem. O país e sua atual geração, ainda não conseguiram entender que a história da cultura e sua manutenção são essenciais para a sua sobrevivência, a cultura urbana tem um papel monstro pra isso se fortaleça. Ver uma casa como o Hangar 110 fechar as portas, é lamentável e para não dizer trágico. Lamentamos profundamente o encerramento das atividades da casa e agradecemos muito as oportunidades que tivemos de ter podido tocar lá algumas vezes, porém, temos a esperança que se consigam, de alguma forma, que isso não aconteça."
Neilton Carvalho – Guitarrista do Devotos (PE)
"Sou de uma geração do “faça você mesmo”, e sempre vi no Hangar essa idéia, um lugar onde pessoas que são do meio resolveram criar um espaço onde existe a dignidade para o músico mostrar sua arte e reunir amigos para uma grande festa, um lugar na medida certa, sem muita pompa e requinte e ao mesmo tempo sem ser tosco . Devemos valorizar a arte como um todo, é muito legal e fácil visualizar um artista pela internet, mas o mais legal e prazeroso é ver a mecânica ao vivo, o ator deve ser visto tb no teatro, o escritor deve ser lido tb folhando-se um livro autografado, o poeta soltando suas frases para nossos ouvidos e o músico assistido em seus shows. Isso é o que movimenta nossa cultura, isso é o que nos estimula, e o HANGAR tem um papel importantíssimo nessa engrenagem, talvez essa situação esteja acontecendo para refletirmos sobre como estamos colaborando com nosso cena . Muitas histórias temos para contar e queremos continuar contando nesse lugar, AS CORTINAS DO HANGAR DEVEM CONTINUAR SE ABRINDO POR MUITO TEMPO!!!"
Nonô – Baterista do Inocentes
"O Hangar foi a oportunidade de muita gente, como eu, de poder ver grandes bandas que influenciaram várias gerações aqui no Brasil. E s oportunidade de várias bandas brasileiras de tocarem ao lado de grandes nomes do Punk e do Rock alternativo. Tive a honra de estar ao lado de vários amigos assistindo a shows memoráveis que ficarão sempre em minha memória. Hangar talvez seja o maior exemplo de casa underground de São Paulo e do Brasil. Vai deixar saudade e uma lacuna no Rock alternativo do Brasil e na América Latina!"
Sérgio ‘Punk’ Domingos – Frequentador
"Estou perplexo com a notícia! Que pena! Se não me engano fiz quatro shows no Hangar, entre eles o lançamento do Tributo ao Olho Seco, entre outros! Lançamento do meu primeiro CD em Sampa e mais outros dois shows! O Hangar pra mim significa tocar pra um grande público em Sampa com minha banda, o Pacto Social, e tocar em Sampa pra uma banda do Rio é uma sensação incrível! Tem bandas do Rio que infelizmente nunca tiveram a honra de tocar lá e com o fim do Hangar não tocaram jamais, lamentável!"
Wladimir Palmeira, o Wladi – Vocalista do Pacto Social (RJ)
"O Hangar em minha opinião é melhor casa de shows de punk rock! Infelizmente moramos num país onde a cultura está longe! Fiquei triste em saber que o Hangar vai encerrar suas atividades... era o berço do punk rock! Estamos todos tristes com essa notícia, mas vamos tentar reverter essa situação nos unindo! Juntar várias bandas que passaram e tentar mudar essa situação. É isso o que penso que deveríamos fazer!"
Muniz – Fogo Cruzado
"Essa não será só mais uma casa que irá fechar. Mais um bar que deixará de existir. E sim o mais tradicional palco de bandas underground de São Paulo e porque não arriscar em dizer do Brasil? Muita gente reclamando que estamos chorando por causa do fechamento do Hangar. Falando mal do espaço, dos preços, do som, dos equipamentos, mas quantas outras opções nós temos na cidade? Aliás, quantas outras opções as bandas tem para tocar? O underground sempre respirou na Rodolfo de Miranda, 110 e por mais que tivesse problemas, prefiro um milhão de vezes do que muito boteco zoado, com som ruim e totalmente mal localizado, que alguns “punks” defendem.As bandas vão continuar existindo e resistindo, apesar de muitas terem desistido, mas a verdade é que a cada ano que passa temos a certeza de que será muito difícil ter motivação para continuar na estrada."
Alberto Rinaldi, o Deedy – Guitarra e vocal das bandas Subalternos e We Are The Clash
"Conheci o Hangar 110 quando eu tinha 12 anos. Foi a primeira casa que tocava punk rock que eu frequentei, lá vi as minhas bandas favoritas, fiz amigos, conheci bandas, arrumei confusão, fui expulso da casa, briguei com segurança, corri de careca, boicotei a casa, defendi. Toquei lá apenas uma vez com a Geração Suburbana, quase uma década depois de deixar a última demo com o Alemão; foi bem legal, abrimos para o Cólera uma das minhas bandas preferidas. Hoje vejo com tristeza que a casa deve fechar as portas, afinal ali, com todos os problemas e por mais que cada um enxergue de uma forma diferente, é uma resistência da música underground, aquela música que pouco tem espaço nas grandes mídias e rádios fm."
Júlio Pelloso – Geração Suburbana / Trio Titanium / Six Rock Strings
"Hangar 110 vai fechar? Fecha não, Marcão! Há quase duas décadas o Hangar 110 é um dos principais redutos da cena underground de São Paulo. Estrategicamente situado no “Bom Retiro” - tradicional bairro da região central de São Paulo - e ao lado do metrô, o seu espaço físico reproduz o conceito ideal de uma casa noturna de rock'n'roll: um grande galpão espartanamente adaptado, com o devido isolamento acústico. Entretanto, quando descrevemos a espartana simplicidade da casa, não devemos nos iludir em relação à sua importância. O Hangar 110 faz parte da história do Rock Brasileiro. Durante muito tempo, esta casa foi a principal alternativa para todas as bandas que não eram do mainstream. Desta forma, creio que muitos, como eu, devam estar entristecidos com o anúncio de que o Hangar 110 encerrará as suas atividades em 2017. Esta notícia gera um sentimento de quase orfandade.
Todos nós sabemos que não é nada fácil manter uma casa noturna destinada ao público underground. Creio que o empreendimento sobreviveu por quase duas décadas devido o um certo espírito de militância cultural. Mas, apesar de todas as dificuldades, em nome de todos os frequentadores e daqueles que tiveram a oportunidade de subir ao palco do Hangar, lanço o manifesto: FECHA NÃO, MARCÃO!
Mao – Vocalista dos Garotos Podres e O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos
"É realmente uma pena que nos chegue a notícia de que o lendário Hangar 110 vai fechar suas portas. Um lugar icônico da cena punk, onde cada banda underground sonhou de tocar naquele lugar alguma vez. Sinceramente saber desta notícia, é como sentir de que uma parte importante da cena São Paulo vai perder um espaço dos mais importantes, onde podem fazer bons festivais de bandas locais, um lugar perfeito para as bandas que vêm de fora, etc... Espero que algo aconteça nestes meses que faltam para 2017 e não percamos esse espaço tão emblemático para o punk brasileiro."
Marcelo Elkbza – Antibanda (Uruguai)
"O Hangar 110 conheci de fato, estando lá, em 2004, 2005, num show do Replicantes, lançamento do álbum "em teste". Eu, já inserido na cena punk suburbana, via o Hangar como algo distante, fora de minha realidade - mal sabia eu que em 2010 estaria naquele palco tocando com minha banda que ainda estava surgindo, a Pé Sujus. Cheguei ao local e fiquei impressionado: Equipamento bom, lotado de gente, outra atmosfera, outra motivação. Era o ponto alto de qualquer banda de garagem… Tocamos no dia 20 de novembro de 2010, com DZK, Juventude Maldita e Invasores de Cérebros. Em 2015 auxiliei na produção de um evento, com o Wladimir da Pacto Social, e toquei novamente, desta vez como a segunda banda da noite, e foi uma das apresentações mais memoráveis e apoteóticas de nossa história. Já tive bar, que fechou por falta de público e, a pós-modernidade líquida onde tudo deve ser rápido, efêmero, sem gosto e sem vontade pela necessidade de rapidez de se resolver qualquer coisa por resolver e não por precisar, acabou minando qualquer vontade que a juventude de hoje tenha de fazer parte de um cenário underground como alguém que colabora e fortalece, no máximo como alguém que consome, e quando arte vira um mero produto, o rótulo vale mais que a qualidade e o saboroso sempre será ruim até que se prove ao contrário. Isso prova que a dificuldade do boteco suburbano é a mesma de um local lendário. Mas independente de campanhas, a decisão do alemão deve ser respeitada, pois só quem tá do outro lado do balcão sabe o que passa. Mas quero tocar ali pela última vez em 2017, hein?
Fernando Abreu, o Feio – Vocalista da Pé Sujus
"A primeira vez que eu tive contado com o Hangar 110 foi quando eu tocava em uma banda, o Pacto, e fomos convidados para abrir um show dos Inocentes... Aí fomos chamados pra tocar de novo... O Hangar 110 era única casa que tratava bem as bandas independentes, com respeito... Além de você ter esse espaço pra tocar e ver o shows das bandas independentes... O Marcão (Alemão) faz parte da historia do punk rock nacional, o Hangar 110 junto do Marcão, é um realizador de sonhos pra cena independente brasileira. Eu só tenho que agradecer por toda oportunidade que o Hangar 110 me deu."
Robson Ribeiro – Baterista e Frequentador
"Nos anos 90, existiam muitos bares espalhados por SP, mas não tínhamos um local pra se poder fazer um show grande, algo que pudesse ser uma rota de shows de bandas internacionais.Então as bandas paulistas tocavam muito, mas em locais muito diversificados, o que nos impedia de fazer uma festa abrangendo muita gente junta no mesmo local... Foi quando ficamos sabendo da abertura do Hangar 110 que estrategicamente localizado próximo ao metrô, próximo ao centro de SP onde o acesso era super favorável pra todos até quem vinha de outras cidades... Nem acreditamos na época, pois achamos muito milagre e nós os "santos", começamos a desconfiar... E não é que era sério! E virou, e tornou-se um local que poderia ser incluído no roteiro de shows internacionais, pois nessa mesma época, muitos desses barzinhos que tinham espalhados por aí fechavam as portas. O Hangar 110 tornou se o local mais apropriado pras bandas nacionais e internacionais por sua estrutura física e dirigida por quem realmente entendia do show business. Foi o local dos melhores shows ... me atrevo a dizer... do Brasil ! Força Hangar110! Temos que nos unir mais do que nunca e não permitir que esse templo underground paulista baixe as portas! Apoie a cena! Vá aos shows, consuma no local. Vamos fazer a cena forte de novo mesmo nessa crise que assola o país! Pode ser nossa última chance... Vamos nos unir nesse grito de guerra! A luta também é sua! STAY PUNX
Leine Verg – Indigesto
"Como o próprio Hangar 110 anunciou, o principal motivo para seu previsto encerramento de atividades foi a “mudança de comportamento” do público durante os últimos anos. Ou seja, as pessoas passaram a “curtir” de outra forma. Para agravar, pouco público, além de tornar a coisa chata, faz com que o lugar não arrecade e, consequentemente, não consiga se manter. E está claro que a crítica feita a internet é sobre o lance dela nos aproximar de uma forma e nos afastar de outra. Daí vem outra parada: Mesmo as pessoas que comparecem, parece que não estão totalmente ali. Isso não é só no Hangar. Deve ter gente indiferente, ou mesmo pensando, tipo, já vai tarde, pois ele não representou muita coisa, ou nada, para tal pessoa. Normal. Não existe só ele. Cada um, cada um. O Hangar 110 é parte importante na história do underground brasileiro, e uma coisa é certa: Pico underground fechando, nunca é bom. Mas não podemos ficar só na lamentação. Temos que encarar a realidade e seguir adiante com o que tivermos. Mas, aprender com tudo isso. Acredito que exista luz no fim do túnel. Com ou sem o Hangar. Mas, se fosse com ele, seria muito melhor."
Renato Lambão – Guitarra e vocal dos Deserdados
"O Hangar 110 sempre fez parte da minha história. Eu me lembro de ir ao Hangar pra andar de skate no mini-rampa, enquanto ouvíamos bandas que gostávamos (ou não). Incontáveis festivais "Skema 110", prestigiando bandas desconhecidas, fortalecendo o underground desde aquela época. São centenas de bandas memoráveis que vi, nacionais ou gringas, que nem vou me arriscar aqui a tentar listar. Tantas vezes que saí correndo, fui até a Luz, pra pegar o trem e vir aqui até Pirituba, ser enquadrado pela polícia a uma da manhã, querendo saber de onde eu estava vindo que peguei o último trem... Eu tenho tantas histórias, que podia ficar aqui escrevendo até amanhã. Por fim, é triste ver um monte de idiotas escrevendo diversos absurdos sobre o fim do Hangar 110. Pra mim, restarão as boas lembranças, os momentos que passei lá, os amigos que fiz, os excelentes shows que fui, os shows que toquei, etc. Espero, do fundo do coração, que isso possa ser repensado. Mas, se for para o bem da equipe Hangar 110, está bom também. Quem nos proporcionou tantos momentos bons, merece também descansar um pouco."
Vinícius Fossaluza, o Favela – Baterista dos Deserdados
"Comecei a ouvir punk rock e frequentar shows na primeira metade dos anos 2000. Nessa época o Hangar 110 era o pico que mais movimentava a cena. Foram muitos shows, roles, histórias e amizades de lá pra cá. Toda banda da minha época tinha o sonho de tocar no Hangar porque sempre foi lá que víamos as bandas que a gente mais curtia e como no underground as coisas tendem a acontecer de uma maneira mais próxima, bastante gente passou por lá e deixou sua marca na história da casa também. Espero que não fechem as portas."
Luiz Cecílio – Baixista da Lixomania
"Hangar 110, nossa referência em picos de show. Sabe aquele lugar que você sabe que existe, mas é muito difícil você chegar? Tipo o CBGB! O Hangar era assim para mim, eu sempre via as matérias das bandas nas revistas e sempre tinha uma foto do Hangar, e pensava: Um dia tocaremos aí nesse lugar.
Lembro muito bem nosso primeiro show no Hangar, estávamos lançando nosso segundo CD e dividimos o palco com as bandas Calibre 12 e Ulster... Quando cheguei no Hangar, fiquei “di-cara” com os camarins, todas as paredes tinham desenhos e assinaturas das bandas que passaram ali, negócio foda, fiquei um bom tempo procurando assinaturas e desenhos dos meus ídolos: Clemente Inocente, Redson Cólera, João Gordo Ratos de Porão. O show foi foda, o público estava massa, foi um dos nossos melhores shows em SP. Fico triste em saber do fim do Hangar 110. Lugares como Hangar 110 são lugares onde você pode conhecer, ver e sentir a essência do verdadeiro rock e suas vertentes feitos no Brasil."
Merconi Souza Santos, o Cannibal – Baixo e voz dos Devotos (PE)
"A notícia do futuro fechamento do Hangar 110 pegou todos de surpresa, como uma notícia de um parente bem próximo e querido que estivesse muito doente e com poucas chances de vida... a tristeza predominou nas redes sociais. Nem preciso dizer aqui a importância do Hangar para a cena punk, incentivando bandas e inspirando pessoas a abrir novas casas noturnas, mas o Hangar é o Hangar. Onde amigos se encontravam no balcão do bar, bebendo e rindo a noite toda. Para mim, era um momento de desestressar da semana toda de trabalho, e recarregar as baterias para a próxima. Ainda tenho fé que esse “nosso amigo” de 18 anos saia desta e que ainda teremos vários momentos de alegria."
Luis Português – Baterista do Sindicato OI
"O Hangar 110 é um palco ao vivo, foi ali que muitas bandas antigas e novas mostraram seu trabalho e tivemos a oportunidade de assistir muitas bandas internacionais, se realmente for fechar vai deixar muitas saudades."
Fabião – Olho Seco
"Uns dias atrás fiquei sabendo do fechamento do Santuário Punk / Hard Core / Underground HANGAR 110 em 2017. O sentimento que me bate agora é de luto, pode parecer bem extremo, mas saber que um lugar desses irá fechar suas portas, é como você saber que um ente querido seu está em estado terminal e que a qualquer momento será a hora do adeus. Não sei ao certo o ano que comecei a frequentar esse lugar no bairro do Bom Retiro, mas lembro que foi em um show do Zumbis do Espaço com Forgotten Boys. Depois de ver Zumbis do Espaço, vi uma lista longa de shows, como Gritando HC, CPM22, Calibre 12, Inocentes, Replicantes, Cólera, Olho Seco, Street Bulldogs, Dance of Days, Motores, Hats, Autoramas, Rasta Knast, Brujeria, Deserdados, 365, Blind Pigs, Garage Fuzz, Invasores de Cérebros, Restos de Nada, Jello Biafra, Ratos de Porão, Garotos Podres, Nitrominds, Antibanda, Agrotóxico e outras tantas que nem vou lembrar aqui... O Hangar 110 é um lugar onde contarei para meus filhos, netos e novos amigos que farei pela vida.
Robson TADEU Porp’s – Baterista da Variants 73, frequentador e ‘mosher’ habitual da casa.
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