Foto: Marcos Hermes
"Fizemos um disco relevante e seminal"
Por Bruno Eduardo
Nheengatu, novo disco dos Titãs, está sendo considerado por muitos como uma espécie de volta às origens. Não para o guitarrista Tony Bellotto, que falou com exclusividade ao Rock On Board. "As pessoas falam por estereótipos. Nós não voltamos às origens, pelo contrário. O que elas querem dizer é que fizemos um disco tão relevante e seminal como foram alguns de nossos melhores trabalhos no passado, como Cabeça Dinossauro e Titanomaquia", disse. Por falar em Titanomaquia, será que o disco também não merecia uma turnê comemorativa por ter completado 20 anos de vida? Bellotto disse que no momento a banda não pensa em nada além de divulgar o disco novo. "Por enquanto não", deixando uma esperança no ar.
A empolgação é justificada. Nheengatu é realmente um disco acima da média [leia a resenha de Nheengatu AQUI]. Além de resgatar o rock mais viril do grupo, os Titãs acertaram em cheio no tema. Será que faltam mais bandas politizadas no rock atual? Para Bellotto isso é uma visão completamente equivocada.
"Existem bandas novas falando coisas incríveis. As pessoas é que são acomodadas, e se não ouvem nada no rádio nem na TV, acham que não existe nada além do mainstream"
Outro destaque de Nheengatu é o baterista Mário Fabre, que consta nos créditos como "membro de apoio". No entanto, Tony Bellotto garante: "Ele é o baterista oficial! É o batera dos Titãs! Mas ele não é um dos Titãs, porque nossa história começou há muito tempo, na mitologia grega...", descontraiu.
Quando questionado se a banda ficou mais "quadrada" pelo fato de numericamente só terem sobrado quatro integrantes originais, Tony disparou: "O que você quer dizer com banda mais quadrada? Uma banda careta? Não consigo concordar que sejamos uma banda quadrada, qualquer que seja o significado que você queira imprimir à figura geométrica. Basta ouvir 'Sonífera Ilha', nosso nada quadrado primeiro hit, ou a atual, e nada quadrada, 'Fardado'. Sempre fomos uma banda muito orientada por riffs de guitarra". O fato, é que os tais riffs estão bem mais presentes nesse novo disco. Sacos Plásticos (lançado em 2010), por exemplo, não foi recebido com a mesma animação por parte da imprensa e dos fãs. Mas para Tony, isso não influencia em nada na hora de compor. Segundo ele, o resultado de um trabalho não determina a proposta do próximo. "A questão nunca é o disco anterior, mas o próximo. Quando fizemos Sacos Plásticos nos dedicamos com a mesma intensidade que nos dedicamos ao Nheengatu".
Já as manifestações populares foram determinantes para a ideologia do disco. O protesto do grupo veio representado de forma artística no primeiro clipe, "Fardados". Neste, a banda aparece pintada de palhaços - uma referência ao sentimento do povo em relação aos seus direitos. "Foi uma sugestão do diretor, Oscar Rodrigues Alves. Ele queria que fugíssemos da interpretação mais óbvia da música, que seria as manifestações de junho e etc. Então sugeriu os palhaços assustadores do clipe e concordamos com ele", e concluiu: "Temos a intenção de fazer clipes de TODAS as músicas de Nheengatu."
O local de lançamento do novo trabalho será o mesmo do DVD Cabeça Dinossauro Ao Vivo: o Circo Voador. O guitarrista dos Titãs afirma que não há melhor lugar para apresentar músicas novas, e que vai ser um show baseado no novo álbum.
"O Circo é um ótimo lugar para inovações e experimentações. Um templo pagão do rock brasileiro. Não poderia haver lugar mais adequado que o Circo Voador para a estreia da turnê do Nheengatu"
Ainda sobre os repertórios dos shows, Tony disse que hoje, por serem apenas quatro integrantes, é mais fácil chegarem a uma lista final.
"Sim, agora é mais fácil. O que não quer dizer que seja fácil (risos)"
Foto: Luciano Oliveira
Tony Bellotto (direita) em ação no show que deu origem ao DVD 'Titãs Cabeça Dinossauro Ao Vivo'
+Rock On Board na sua timeline
Nenhum comentário:
Postar um comentário