O guitarrista do Cachorro Grande embarca em nova viagem
Por Bruno Eduardo
Marcelo Gross não quer largar suas raízes. Use o Assento Para Flutuar – seu primeiro disco solo – trata-se de uma cartilha retrô, cheia de texturas sessentistas, e longe do rock contemporâneo do Cachorro Grande: “Nesse trabalho eu posso me aprofundar mais nas minhas raízes de rock e blues, das quais não consigo (e nem quero) me livrar” risos.
O título do disco é outra curiosidade. De tanto viajar de avião para tocar, Gross começou a ver poesia nesse simples aviso de segurança. Mesmo assim, ele acredita que o título combina perfeitamente com a sonoridade do álbum. “Viajar sem sair do lugar! Acho que a música proporciona isso”.
Para este novo projeto, Gross conta com Clayton Martin (Universo Elegante) e Fernando Papassoni (Cidadão Instigado). Segundo ele, o trio foi unido por fatores musicais: “Conheço o Clayton há muitos anos, e há muito tempo queria tocar e trabalhar com ele”, afirmou. Inclusive, uma parte do disco foi gravada na casa do baterista – que também assina a produção do álbum. Para garantir total honestidade ao projeto, o trio resolveu gravar o disco ao vivo no estúdio – longe das sessões individuais. “Fizemos algumas demos dos ensaios e como gostamos do resultado, decidimos gravar da maneira como ensaiamos. Isso acabou trazendo um som peculiar, que remete às gravações dos anos 70 e 60, pois essa era a maneira como se gravava nessa época”.
Já a pós-produção do álbum foi feita em Oxford. Marcelo Gross escolheu masterizar o disco no estúdio Turan, por sugestão de Charlie Coombes (ex-Supergrass), compadre de Gross. “Sempre admirei as masterizações do Supergrass, e como era o mesmo preço de fazer no Brasil, decidi fazer por lá. A master pra vinil ficou foda também! O vinil foi lançado recentemente pelo selo 180 gramas em parceria com a Monstro Discos”, explica Gross. O LP, duplo, foi fabricado na República Checa pela GZ vinil – a mesma que vem relançado alguns clássicos de bandas como Beatles e Stones – em tiragem limitada.
Guitarrista de uma banda já renomada, Gross sabe que o mundo fonográfico mudou muito, mas a dificuldade já existia quando a Cachorro Grande despontou. “Quando começamos, a indústria fonográfica brasileira estava acabando. Então sempre foi muito difícil. E antigamente a gente dependia de uma boa distribuição para que pessoas de lugares mais distantes conhecessem o nosso som”. Fazendo uma rápida analogia, ele acha que os tempos atuais ajudaram as bandas na auto divulgação de seus discos. “Hoje, com um simples clique, você baixa o disco inteiro. E na verdade, os discos são apenas um motivo para as bandas caírem na estrada. É de lá que sai o nosso ganha pão”.
Gross espera rodar o país com seu novo disco, e garante que estar à frente de duas bandas não atrapalha. “A Cachorro Grande acabou de gravar o sétimo disco chamado "Costa do Marfim", Africa (com a produção do Edu K). E pretendo manter os dois trabalhos. Uma coisa não interfere na outra”, finalizou.
[Matéria publicada originalmente no Portal Rock Press]
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