domingo, 13 de outubro de 2013

SHOWS: BLACK SABBATH (Apoteose, RJ)

Foto: Bruno Eduardo
O melhor show da vida de 40 mil pessoas no Rio


Por Bruno Eduardo

O melhor show da vida de aproximadamente 40 mil pessoas! Não poderia ser diferente, afinal, estavam ali, juntos pela primeira vez, a linha de frente original de uma das mais importantes bandas de todos os tempos: o Black Sabbath. Geezer Butler, Tony Iommi e Ozzy Osbourne precisaram de apenas duas horas para enfim, pagar uma dívida de quatro décadas junto ao público carioca. Só o fato de vê-los lado a lado, executando todas aquelas canções emblemáticas já seria suficiente para compensar o esforço dos fãs - que enfrentaram uma fila gigantesca na entrada da Apoteose. Mesmo com a ausência de Bill Ward, o que se veria ali, em cima do palco, seria digno de uma moldura histórica; algo que representa várias gerações - de fãs e não fãs.

Para quem possa não saber, no início da carreira, coube a Ozzy o papel de mistificar a imagem do grupo. No entanto, sonoramente, o Sabbath sempre foi estimulado pela guitarra de Iommi - considerado o principal arquiteto do heavy metal. E foi ele - junto com o excepcional Tomy Clufetos - o grande destaque da noite. Simplificando a química, o guitarrista difundiu quase todos os tipos de riffs e afinações, que acabaram mais tarde, sendo influência para todo um gênero. Iommi, que também quase foi o responsável pelo cancelamento da turnê - tudo por conta de uma luta contra o câncer – hoje, distribui sorrisos, e uma pegada dos velhos tempos. 

Como já esperado, não houve qualquer alteração no setlist, e a ordem das músicas foi a mesma do show anterior - em São Paulo. Ao som de sirenes, o Sabbath começou a disputada apresentação com "War Pigs", seguida de "Into The Void", e duas do excepcional Vol.4 (lançado em 1972) - "Under The Sun", e uma lenta e arrastada versão de "Snowblind". A execução da simbólica "Black Sabbath" - com direito à trovoadas, sino batendo, e uma entrada meio fora de tempo de Iommi - marcou o primeiro ponto alto da histórica noite. Em velocidade superior à versão original, "Behind the Wall Of Sleep" exigiu habilidade de Iommi para manter o ritmo, e uma afinação bem abaixo. 

O grupo praticamente ignorou o álbum "Sabbath Bloody Sabbath", já o disco de estreia foi um dos mais lembrados. A versão de "N.I.B.", contou com o solo consagrado (com direito à efeito de wah-wah) de Geezer Buttler, e marcou um dos momentos mais divertidos do show: Ozzy apareceu com um morcego de borracha na boca - mostrando que a idade não tirou o bom humor do vocalista. Correndo de um lado para o outro, como já é característico de suas performances, "Tio Ozzy" mantém uma inabalável sinergia com os fãs. Pede mãos levantadas, palmas, e puxa coro. Em certo momento, parece um show solo do cantor - que já esteve no Brasil inúmeras vezes.

Ao todo, foram oito discos com formação clássica do grupo, na primeira fase. Mas o Black Sabbath não é só passado! A banda tocou três faixas do seu novo disco, 13 - que alcançou o primeiro lugar em 51 países -, com destaque para a excelente viagem de 8 minutos em "End Of The Beginning".

Canções como "Fairies Wear Boots" eram consideradas pérolas básicas da discografia Sabbathica. O mesmo não se pode dizer de "Dirty Women" - tirada da fase menos inspirada do quarteto. O fato, é que haviam outras músicas dessa mesma época, mais óbvias - principalmente do disco "Never Say Die" (como a faixa-título ou a ótima "Hard Road"). Mesmo assim, a canção foi capaz de empolgar algumas meninas, que entraram no ritmo, e ficaram apenas de sutiã.

Para muitos, o grande destaque do show foi assistir Tomy Clufetos na instrumental "Ratt Salad" (do disco Paranoid), com um sensacional solo de bateria - que culminou no riff magistral de "Iron Man".

Fechando a primeira parte da apresentação, "Children Of The Grave" fez a arquibancada balançar, no pula-pula orquestrado por Ozzy. Na volta, a mesma pegadinha de São Paulo - com a puxada de "Sabbath Bloody Sabbath" -, e o golpe final com o maior hit do grupo, "Paranoid" - encerrando aquele, que, para muitos, foi mais do que um show de rock. 

Na verdade, o que ocorreu na Praça da Apoteose foi um "batismo". Dali, saíram 40 mil roqueiros com a certeza e a paz, de terem finalmente conseguido a benção. E a última frase de Ozzy - repetida diversas vezes durante o show - caiu como água benta em suas almas: "Deus abençoe vocês!"

Os Deuses do rock já o fizeram. Exatamente na noite de 13 de outubro. 

Foto: Bruno Eduardo
 Foto: Bruno Eduardo

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