sábado, 19 de outubro de 2013

AEROSMITH - Monsters Of Rock 2013

Foto: Bruno Eduardo
Monstros do Rock na Apoteose: Steven Tyler e Joe Perry 


Por Bruno Eduardo

Não haveria nome mais adequado para pontuar o festival Monsters Of Rock no Rio de Janeiro, do que o Aerosmith. Afinal, eles são remanescentes de uma geração de "ferro" - da mesma fila de gente como Rolling Stones e Led Zeppelin. São os chamados dinossauros do rock. Para os fãs cariocas, a escolha foi apropriada, já que o grupo não “dá as caras” pela cidade há um bom tempo – exatos dezenove anos. Coincidentemente, o local do reencontro seria o mesmo da única visita ao Rio - na oportunidade, eles se apresentaram no Hollywood Rock, em 1994. Felizmente, nem mesmo a chuva foi capaz de esfriar a energia dos veteranos, que brindaram o público com uma retrospectiva digna de sua carreira. 

Foda-se a chuva!” – declarou Steven Tyler, em bom português, antes de iniciarem com “Back in the Saddle”, do clássico Rocks (lançado em 1976). Se não fosse a ausência do baixista Tom Hamilton – substituído por David Hull -, teríamos no palco a formação original do Aerosmith, que perdura desde o início dos anos 70.

No show da Apoteose, o grupo surpreendeu alguns fãs ao ignorar por completo o bem sucedido Nine Lives (lançado em 1997) e por incluir músicas "esquecidas" em shows recentes, como “Toys in the Attic” e “Janies Got A Gun”. Outra boa jogada do Aerosmith foi deixar de lado seu novo disco – o fraco Music From Another Dimension -, presente apenas com o single “Oh Yeah”. Porém não faltaram hits matadores - “Cryin” e “Love in a Elevator” – e algumas covers clássicas, como a versão rocker e eternizada pela voz rouca de Tyler para “Come Together”, dos Beatles.

Aliás, os quarenta anos de carreira – regada a inúmeros problemas particulares – parece não ter afetado o vocalista. Se levarmos o último show do grupo no Rio como parâmetro, não notamos qualquer diferença física, muito menos técnica, em sua performance.  Está tudo mantido – dos trejeitos particulares aos agudos característicos. Inclusive, é sempre bom ressaltar o modelo de ídolo que Steven Tyler se propõe. Ele não é um rockstar intocável, mitificado. Steven faz questão de manter uma relação íntima com seus fãs – ora mantém diálogos em particular; doa peças de roupa; joga utensílios ao público (gaita); sem contar o beijo ardente na fã que foi convidada a subir no palco.

Se o eterno riff de Joe Perry para “Walk This Way” serviu para finalizar a primeira parte do show, coube a um piano dar inicio ao bis com “Drem On”. O final apoteótico se iniciou com uma trinca de sucessos: “Sweet emotion”, “Mama Kin” e “Crazy”. O Aerosmith, que parecia não querer deixar o palco, lança o último golpe na cover de “Train Kept A-Rollin” do Tiny Bradshaw - com direito a show de fumaça, e nuvem de papéis picados. A banda se despede, e Steven Tyler permanece só, dançando sozinho no meio da passarela - parecendo estar curtindo um show particular - desenhando aquele que seria o final perfeito para uma apresentação irretocável. E ele sabia disso!

Na saída do local, a certeza de ter assistido uma biografia ao vivo de uma das bandas mais antigas da praça – o primeiro disco do Aerosmith foi lançado em 1973 - e o melhor de tudo, com espírito renovado de cinco veteranos transbordando energia 'on stage'. Pena que a Apoteose recebeu um público aquém das expectativas – entre 15 e 20 mil pessoas.

Resumo da ópera: Mais um show para lista de melhores do ano. 

[Matéria publicada originalmente por Bruno Eduardo no Portal Rock Press]

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